IN OUT YOU
Os encontros e desencontros são a luz que nos permitem avançar passo a passo, são vida em cada dia que passa
jogos de amor...
belos os jogos de amor,
as carícias, o sentir
suave da pele,
o beijo quente,
os lábios em tom ardente,
a boca em delírio
no corpo em martírio
pela exaltação
dos sentidos...
loucos os jogos de amor,
inocentes os amantes,
incautos e seduzidos pela dor,
são deles as estrelas mais brilhantes
iluminando os jogos proibidos...
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as vides...
aguardam o corte, as vides
quase despidas,
no seu ego, sofridas,
pelo parto roubado
e na boca de quantos saciado...
tristes na dor os amantes
por quem acolheu os viajantes
nas manhãs quentes de verão,
e breve, será apenas lenha no chão...
terá coração o podador
em cada golpe, em cada corte
ao ver a lágrima que verte
numa vide, por ser sido bago,
por ter sido alma num dia de sorte?
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retrato....
de que falam os olhos que nada vêm,
se não vêm a cor da palavras,
as expressões das sílabas,
ou o sentido que contido têm...
nos olhos, uma venda , um lacre,
nas mãos, uma folha de papel,
uma caneta... ah, e quero um banco no jardim...
dêem-me o som dos pássaros,
e eu desenharei o céu em tons pastel
e um retrato nu, um nu repartido de mim...
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o som do silêncio...
é triste e fala mais alto o silêncio
quando o dia já clareou,
os carros se amontoam nas ruas,
as varinas apregoam o peixe,
e até se ouve o silvar do metro...
porque eu sei que o silêncio
é a vontade de falar, deixar fluir
o que enche a alma...
tão difícil este parto,
tão fácil tudo ruir,
como um baralho de cartas
tentando tocar o infinito...
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outono...
manhã de Outono,
fria e cinzenta,
sem chama,
sem história. atenta
a primavera da vida,
escutando os sinais
no pio dos pardais,
mensagens de quem ama...
as manhãs de Outono
não são sempre iguais...
quem ousa escutar o vento,
ler nos sinais do tempo
os desabafos da alma,
os gritos contidos de um corpo sedento?
sabes, ainda ouço o silêncio
das quatro paredes,
o murmúrio das vozes
por entre os lençóis,
o gemer dos corpos
no ímpeto do prazer a dois...
finjo tudo esquecer
na manhã fria de Outono.
tanto mar, tanto mar, tanto caminhar
pelas areias limpas, em que me abandono...
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ás vezes
ás vezes queria ser sol de inverno,
quente e tão breve...
ás vezes queria ser nevoeiro,
impenetrável e tão leve...
ás vezes faz-me falta o que já tenho
e nem lembro, ou tudo perdi
numa qualquer jogada,
altas horas da madrugada
em que fazias batota,
e eu nem assisti...
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barco á deriva...
meu barco anda á deriva
num rio sem ondas,
sem margens que o acolha...
meu barco parece uma folha
numa rua deserta e sem saída,
e como a folha seca,
vai sendo levado pelo vento,
pelas chuvas de Outono.
triste fim, triste abandono...
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segredos...
na ponta de meus dedos,
nascem as palavras
que o vento leva até ti.
decifra-as e devolve ao vento,
no entardecer,
o vento as sepultará no tempo,
são segredos,
momentos, que ninguém iria entender...
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caminhante...
é noite, como noites são as horas vazias,
perdidas, irremediavelmente tristes
sem o aconchego de um abraço,
de um beijo, de um carinho...
diz-me a aragem fria
que a noite não é boa companhia,
que as almas são tentadas, seduzidas
por outras almas eternamente perdidas...
acendo uma vela, uma luz no caminho,
a noite não me fará mal...sou um pobre peregrino...
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as raízes...
sigo cada raiz da árvore mais frondosa,
até ao ponto em que se afundando
nas profundezas da terra,
busca a seiva, a vida, a gota de água
para o ponto mais alto da árvore...
quão frágil o ser humano
quando liberto das raízes da vida,
perdendo-se pelos cais das ribeiras,
pelas bermas da estrada,
pelas calçadas, onde ninguém vê,
sente, ou tão pouco se vê mágoa...