IN OUT YOU
Os encontros e desencontros são a luz que nos permitem avançar passo a passo, são vida em cada dia que passa
SÓ
O que fazer?
A vida não me pertence
Tu não me pertences,
sinto-me só a deambular pelas ruas
escuras, de gentes, nuas,
e, desamparado,
entre paredes, acossado,
finjo não existir...
O mundo pode ruir,
em mil pedaços partir,
e mesmo na atmosfera
estarei só,
ninguém terá de mim dó
ou pena severa.
Qual leproso terminal,
aguardarei meu triste final.
Sinto-me só neste mundo,
e nas asas do vento
olho o horizonte e comento:
Porquê este castigo?
Sinto-me enjeitado, sem abrigo,
ferido de morte,
assumindo esta má sorte...
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TARDE DE DOMINGO
Tarde cinzenta de luz e vida
tarde "morta", sem história,
Lá fora o silêncio sem memória,
tudo está quedo, qual folha jazida.
As aves se recolheram e ainda é dia,
e neste silêncio ameaçador,
caem gotas do céu trovejador,
esperamos a chuva já tardia...
Calor abrasador de planície desarborizada
neste Outono doente, calor tardio,
junto ao mar rugento, bravio,
o sossego, a paz de uma esplanada.
Tarde cinzenta de luz e cor
tarde triste para esquecer,
Noite, vem, te entrego meu ser,
me faz acordar num Ser Maior.
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Porque hoje é Domingo
(da Net)
O Sol está meio encoberto, e não tenho grande vontade de dar passeio até beira mar (e são só 10 min a pé).
Sentado aqui virado para o ecrã, leio noticias online, posts de amigos, etc, e ao mesmo tempo relembro outros Domingos já passados e que eram tão diferentes.
Ainda não vão muitos anos, e o hábito de me levantar cedo e assistir missa dominical das 7:30h ali na igreja paroquial era um ritual que não queria perder...A seguir, o pequeno almoço num pequeno café á beira mar, comprar o JN e ali ficar a ler durante quase 1 hora...Já éramos cliente habituais.
Também não tinha internet e não tinha o vício de a cada momento disponível ligar-me "ao mundo".
Hoje, tudo é diferente...Até o carro que gostava de ter sempre num "brinquinho", sofreu com este alterar de minha vida.
Parece que as coisas materiais já não me interessam, e dou valor ao intemporal, ao que não vejo, ao sagrado.
Desde miúdo que sempre tive uma relação de muita fé com o Além, acreditar que existe Alguém que interfere em nossas vidas, num Ser Justo e Verdadeiro. Lembro que teria 5-6 anos e acompanhava minha falecida Tia e meu falecido Avô (lado paterno) até igreja e tudo o que lá se fazia. Lembro também que quando fiz comunhão solene (teria 9 anos), e tive um "bom" no exame de catequese (fomos só 2: eu e um filho de uma catequista numa turma de +/- 20), a alegria que foi para esses meus familiares e claro para meus pais.
Hoje, apesar de não fazer o percurso para a Igreja, sinto que a minha fé se mantém inabalável e os meus momentos de introspecção me levam sempre ao mesmo caminho, em que eu acredito e que procurei que outros acreditassem.