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No silêncio..

Sábado, 16.01.10

 

http://alegriaaa.files.wordpress.com/2009/06/silencio.jpg

 

Na quietude do silêncio,

um turbilhão de pensamentos

sem rota marcada,

indefinidos no tempo...

Quero ordená-los,

chamar-lhes nomes,

mesmo catalogá-los,

para melhor os analisar...

Insucesso perfeito...

O tempo já vai longo,

e os pensamentos de ontem,

hoje...não têm jeito...

Na quietude do silêncio,

queria ter paz,

procuro sempre a minha paz,

e aqui, na tela colorida e fria,

tenho a companhia

que o sonho sempre traz,

e talvez um dos pensamentos,

me traga alguma alegria...

 

 

 

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publicado por Alexandrino Sousa às 11:58

António Gedeão - LÁGRIMA DE PRETA

Sábado, 16.01.10

 

LÁGRIMA DE PRETA

Encontrei uma preta
que estava a chorar,
pedi-lhe uma lágrima
para a analisar.

Recolhi a lágrima
com todo o cuidado
num tubo de ensaio
bem esterilizado.

Olhei-a de um lado,
do outro e de frente:
tinha um ar de gota
muito transparente.

Mandei vir os ácidos,
as bases e os sais,
as drogas usadas
em casos que tais.

Ensaiei a frio,
experimentei ao lume,
de todas as vezes
deu-me o que é costume:

nem sinais de negro,
nem vestígios de ódio.
Água (quase tudo)
e cloreto de Sódio.

 

 (tão perfeito e tão simples...daí a sua beleza...)


 

 

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publicado por Alexandrino Sousa às 11:20

António Gedeão - CALÇADA DE CARRICHE

Sexta-feira, 15.01.10

 

CALÇADA DE CARRICHE

Luísa sobe,
sobe a calçada,
sobe e não pode
que vai cansada.
Sobe, Luísa,
Luísa, sobe,
sobe que sobe,
sobe a calçada.
Saiu de casa
de madrugada;
regressa a casa
é já noite fechada.
Na mão grosseira,
de pele queimada,
leva a lancheira
desengonçada.
Anda Luísa,
Luísa sobe,
sobe que sobe,
sobe a calçada.

Luísa é nova,
desenxovalhada,
tem perna gorda,
bem torneada.
Ferve-lhe o sangue
de afogueada;
saltam-lhe os peitos
na caminhada.
Anda Luísa,
Luísa sobe,
sobe que sobe,
sobe a calçada.

Passam magalas,
rapaziada,
palpam-lhe as coxas,
não dá por nada.
Anda Luísa,
Luísa sobe,
sobe que sobe,
sobe a calçada.

Chegou a casa
não disse nada.
Pegou na filha,
deu-lhe a mamada;
bebeu a sopa
numa golada;
lavou a loiça,
varreu a escada;
deu jeito à casa
desarranjada;
coseu a roupa
já remendada;
despiu-se à pressa,
desinteressada;
caiu na cama
de uma assentada;
chegou o homem,
viu-a deitada;
serviu-se dela,
não deu por nada.
Anda Luísa,
Luísa sobe,
sobe que sobe,
sobe a calçada.

Na manhã débil
sem alvorada,
salta da cama,
desembestada;
puxa da filha,
dá-lhe a mamada;
veste-se à pressa,
desengonçada;
anda, ciranda,
desaustinada;
range o soalho
a cada passada;
salta para a rua,
corre açodada,
galga o passeio,
desce a calçada,
chega à oficina
à hora marcada,
puxa que puxa,
larga que larga,
puxa que puxa,
larga que larga,
puxa que puxa,
larga que larga,
puxa que puxa,
larga que larga;
toca a sineta
na hora aprazada,
corre à cantina
volta à toada,
puxa que puxa,
larga que larga,
puxa que puxa,
larga que larga,
puxa que puxa,
larga que larga.
Regressa a casa
é já noite fechada.
Luísa arqueija
pela calçada.
Anda Luísa,
Luísa sobe,
sobe que sobe,
sobe a calçada,
sobe que sobe,
sobe a calçada,
sobe que sobe,
sobe a calçada.
Anda Luísa,
Luísa sobe,
sobe que sobe,
sobe a calçada.

 

 

 

 

 

 

 

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publicado por Alexandrino Sousa às 19:14

António Gedeão - Aurora boreal

Quinta-feira, 14.01.10

(Nos próximos dias vou aqui deixar poemas de António Gedeão, que sem dúvida são de uma grande beleza...)

 

Aurora boreal

Tenho quarenta janelas
nas paredes do meu quarto.
Sem vidros nem bambinelas
posso ver através delas
o mundo em que me reparto.
Por uma entra a luz do Sol,
por outra a luz do luar,
por outra a luz das estrelas
que andam no céu a rolar.
Por esta entra a Via Láctea
como um vapor de algodão,
por aquela a luz dos homens,
pela outra a escuridão.
Pela maior entra o espanto,
pela menor a certeza,
pela da frente a beleza
que inunda de canto a canto.
Pela quadrada entra a esperança
de quatro lados iguais,
quatro arestas, quatro vértices,
quatro pontos cardeais.
Pela redonda entra o sonho,
que as vigias são redondas,
e o sonho afaga e embala
à semelhança das ondas.
Por além entra a tristeza,
por aquela entra a saudade,
e o desejo, e a humildade,
e o silêncio, e a surpresa,
e o amor dos homens, e o tédio,
e o medo, e a melancolia,
e essa fome sem remédio
a que se chama poesia,
e a inocência, e a bondade,
e a dor própria, e a dor alheia,
e a paixão que se incendeia,
e a viuvez, e a piedade,
e o grande pássaro branco,
e o grande pássaro negro
que se olham obliquamente,
arrepiados de medo,
todos os risos e choros,
todas as fomes e sedes,
tudo alonga a sua sombra
nas minhas quatro paredes.

Oh janelas do meu quarto,
quem vos pudesse rasgar!
Com tanta janela aberta
falta-me a luz e o ar.

 

 

 

 

(lindo...espero que gostem...)

 

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publicado por Alexandrino Sousa às 20:02

Fantasias I

Quarta-feira, 13.01.10

 

http://www.wallpapers33.com/images/wallpapers-fantasia-h.jpg

 

Os meus sonhos são fantasias,

como fantasias o que escrevo,

e aqui digo, até me atrevo,

a falar de coisas sem sentido,

sendo até incompreendido....

 

Mas a vida veste-se de fantasia,

azul, rosa, que importa a cor,

se assim viver é bem melhor,

e ao levantar-me em cada manhã,

um despedir-me da noite... "até já".

 

Doce, terna, amante a noite,

dos que vivem e sabem fantasiar,

dos que têm arte no amar,

e assim seja breve o dia,

para em ti noite... viver fantasia...

 

 

 

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publicado por Alexandrino Sousa às 19:50

Ternura I

Terça-feira, 12.01.10

 

 

http://img255.imageshack.us/img255/5039/par108183253d62bj8.jpg

 

(um post  que imaginei publicar daqui a 20 anos....)

 

Ainda ontem éramos jovens,

corações doces e apaixonados...

Em cada beijo, o doce amargo da maçã,

em cada carícia, o doce mel da madrugada...

Meu amor, meu amor

o Verão de nós quer partir

nos deixando os frutos do amor...

Nossos olhos, jamais irão florir

como pétalas de mil e uma cor

nas manhãs frescas de Março...

E, na lembrança, boa recordação

de que os momentos vividos

foram de eterna emoção,

porque em amor  sentidos...

Meu amor, meu amor,

as saudades ficam para depois,

quando o imenso inverno chegar,

e ouvindo melodias de embalar,

sentiremos ternura no abraçar...

 

 

 

 

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publicado por Alexandrino Sousa às 19:20

Pétalas de Dor

Segunda-feira, 11.01.10

 

 

http://illuminatti.zip.net/images/Rosas.jpg

 

Olho teu rosto, rosto de mulher,

rosto que sorriu e fez sorrir,

que fez sonhar, e..... chorar...

Os anos por ti passaram

e rudemente te marcaram,

severamente te castigaram

por tantos anos a trabalhar...

 

Ao espelho finges não ver

o que os cremes não podem esconder...

E assim sorris para a vida,

a quem estás agradecida

não pela beleza que te retirou,

não pelos amores que te deu,

mas pelo doce coração que em ti nasceu....

 

És uma Rosa, Rosa em flor,

sem espinhos, mas com amor,

e as pétalas que caem, são de dor

pela vida não ter sido melhor...

 

 

 

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publicado por Alexandrino Sousa às 18:43

Domingo de Inverno

Domingo, 10.01.10

 

 

https://1.bp.blogspot.com/_sndJ2mk3I3c/R0q-E67CWqI/AAAAAAAAAIg/GoqgpoAkvFw/s400/chuva1.jpg

 

Se eu fosse gota de chuva,

ou mesmo sopro de vento,

me libertaria deste momento

que me prende ao nada,

que me deixa prisioneiro

a um tempo passageiro,

quão a ânsia de liberdade...

 

E no pensamento, cada um de vós,

com quem "rio", com quem "falo",

com quem partilho sentimentos,

mesmo o vós , não sendo nós,

mas que na quietude destes momentos,

no frio dos meus aposentos,

e vós "aqui", já não estamos sós...

 

Triste dia de chuva e frio,

como fria é a fantasia,

onde tudo parece vazio,

onde não se vê a alegria...

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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publicado por Alexandrino Sousa às 15:06

Alguma Saudade...

Sexta-feira, 08.01.10

 

 

O tempo tem o tempo que tem

e não adianta querer alterar seu rumo,

seu compasso certo e a tudo alheio ...

O tempo nos convida num passeio

sem hora marcada, sem hora de chegada,

e quando paramos, fazemos contas à vida...

 

Olhámos para trás, rimos, choramos,

e nos lembramos de quem amamos...

 

Fazemos planos, criamos sonhos,

como se o amanhã fosse eterno,

como se não soubéssemos

que o amanhã tem horas...

 

Ai este tempo que me faz perder tempo,

e o meu tempo já perdeu tanto tempo...

 

Na recordação, um misto de sorriso e tristeza,

um querer fazer muito, quando  pouco já era avareza.

Um querer amar demais, como se o coração fosse fechar,

um querer e não ter o amor de alguém para sonhar...

 

O tempo tem o tempo que tem

e o meu tempo já perdeu tanto tempo...

 

(Obrigada Marta...Obrigada Diana...por me fazerem lembrar um pouco do meu tempo...)

 

 

 

 

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publicado por Alexandrino Sousa às 21:03

Doce Momento...

Quarta-feira, 06.01.10

 

 

http://agrari.altervista.org/schede/Socrates78/Immagini/rosarossa.jpg

 

De Deusa o teu sorriso,

Angelical teu rosto,

corpo que eu invento,

como se inventa a fantasia

no amanhecer de cada dia...

 

E no ondular de teus cabelos,

no doce e suave pentear,

a cheiro a rosas e a mar,

como se nascesses em jardim,

como se vivesses a voar...

 

Alma leve, gentil e pura,

como puro é teu pensamento,

voando bem longe com o vento,

saltando para o dia da noite escura,

em ti, suavizo meu momento...

 

 

 

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publicado por Alexandrino Sousa às 21:26