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Uma História para o Domingo

Domingo, 03.04.11

O nosso amigo Manel é um grande contador de histórias, e sempre que o ambiente o propicia, lá vai ele ao fundo do seu baú e é um regalo ouvi-lo.

Aqui vou "passar" uma das muitas que mais nos faz rir (para esquecer o mundo que faz lá fora):

 

Conta o nosso amigo Manel, que lá para as suas bandas habitava um senhor muito conhecido no povoado, e que dava por nome de "Ti Zé de Sousa".

 

Ora este senhor, já na casa dos 60, teria sido um autêntico D. Juan nos tempos da sua juventude. Foi um homem que nunca casou, pudera, bastava um olhar e qualquer mulher da aldeia logo se prendia de amores.

Mas a idade passa e o Ti Zé sabia que o tempo o estava a marcar, e como sabia...

Aconteceu um dia, estava o Ti Zé sentado no jardim da aldeia quando dele se abeirou uma mulher e tantas. Alta, com tudo no sítio, cabelos longos e nada acanhada. Apresentaram-se, e a moça lá disse ao que vinha. Que era uma mulher solteira, e que sabia da fama do nosso Ti Zé. Que era um homem  que quando preciso, virava diabo, mas que levava as meninas ao céu...Ora esta nossa menina nunca tinha ido ao céu...

E lá combinaram quando seria preparada a "viagem".

Teria de ser um domingo de tarde, com o sol já a pôr-se e no caminho da serra, sim porque ali não passa ninguém e tem lá muros que estarão de feição.

E assim foi. Chegou o dito domingo e como combinado, ela apareceu. Linda, cabelos ao vento, perfumada. Blusa de abotoar, saia curtinha de pregas...O ti Zé estava admirado e com os cantos da boca já humedecidos.

E como nestes casos não convém perder tempo, a moça lá se deitou sobre o muro mais direitinho, e se colocou a jeito. O Ti Zé continuava admirado, esperando a todo o momento sinais interiores para avançar...e esperava...e quanto mais esperava, mais desanimava...Não é que não sentia nada? Mas o que era feito da sua virilidade? Ele nem queria acreditar...Isto nunca tinha passado por ele...

O tempo, esse não esperava, e o sol já se tinha posto. A moça, desiludida com o Ti Zé, e a brisa fresca que chegava...

O Ti Zé num acto de desespero e tentando "lavar" sua má sorte, teve uma ideia e logo grita: "Foge, que aí vem gente"....e a moça com os poucos trajes pela mão, pelo matagal fugiu...

O Nosso Ti Zé deixa-se cair de joelhos, e num vale de lágrimas, por ali fica longos minutos...E agora, o que vai ser dele? o que irão dizer na aldeia? Não, não pode lá mais voltar. Não quer ser motivo de chacota.

E assim foi, nunca mais foi visto na aldeia, e os mais idosos até comentaram que se calhar, fugiu com alguma mulher casada da aldeia vizinha...

Mas nós sabemos que o Ti Zé de Sousa se fechou no seu casebre a sete chaves, até que o diabo o leve...

 

 

 

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publicado por Alexandrino Sousa às 12:08