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Jangada Real

Segunda-feira, 16.05.11

 

 

O meu país, outrora de caravelas,

cascas de nós rasgando oceanos,

hoje é um país de jangadas,

tábua após tábua amarradas,

mastros fingindo ter velas,

numa manta de retalhos de muitos panos.

 

E este país que tem história,

dia após dia vai se afundando,

e o povo que era, perdeu memória,

ficou triste, de tudo se desligando,

e rio abaixo, numa triste jangada,

sonha, delira, ser engolido na enxurrada.

 

Recuso-me deitar a toalha ao chão,

ouvir os políticos com mais atenção.

Recuso-me fazer de conta que nada sei,

deixar-me iludir, seguir na jangada.

O meu país vai lutar, se for preciso contra a lei

e de uma jangada farei casa apalaçada

 

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publicado por Alexandrino Sousa às 23:01

Cuidando do Jardim

Sábado, 14.05.11

 

 

 

 

Ele pedia, e eu adiava, mas o tempo convidava para a azáfama natural de quem cuida das plantas, do relvado, das árvores que compõem este meu paraíso. E ganhando coragem, lá se começa, sempre com alguma reticência, mas no final, o prazer de ver que valeu a pena tanta canseira...

Olho o prédio em frente e numa das varandas viradas para o mar, um casal se bronzeia deitados em cadeiras...Comparo este meu momento com o deles e reconheço, que apesar do cansaço, sinto-me mais feliz, mais realizado, com o sol que apanhei cuidando do jardim... 

 

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publicado por Alexandrino Sousa às 17:48

Na Noite...

Quarta-feira, 11.05.11

 

 

No silêncio escutaste minhas preces,

e no silêncio foste ganhando forma,

sim noite, por ti suplico em cada fim de tarde

como se tua ausência fosse meu fim,

como se as trevas fossem a outra parte de mim...

 

Toma-me em teus braços, afaga meus sonhos,

embala-me até o amor ressuscitar,

e quando ela (o outro amor) chegar,

faça-se festa, a vida irá renascer

em dois corpos comungando prazer...

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publicado por Alexandrino Sousa às 22:20

Inquietações...

Terça-feira, 10.05.11

 

 

Horas tardias, horas serenas,

convite à paz, à reflexão...

No cimo de um prédio, como que em comunhão,

dezenas de pombos,

todos juntos, quem sabe em "oração"...

Nada digo, nada faço...nem sequer um suspiro,

e passada larga, continuo o caminho,

não vá chamar a atenção...

Se inquieta meu espírito,

se arrepiam meus poros, meu coração,

imaginando seres, corpos em reencarnação,

preparando um qualquer festim...

"Deixai seguir meu caminho,

estou só, pobre de mim,

ainda não soou meu destino..."

 

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publicado por Alexandrino Sousa às 21:49

UM DIA...

Segunda-feira, 09.05.11

Um dia, prometo não mais sonhar,

nem ver o que só meus olhos vêm,

não ouvir os sons do coração,

nada sentir pelo gelo de minhas mãos...

Um dia, prometo que me vou despedir

das mil e uma aventuras,

das horas mortas que renasciam,

das noites que sem ver o dia, se sucediam,

e aos olhos dos outros eram impuras...

Um dia, o cinzento tomará o azul do céu,

e a noite se abrirá me tomando seu,

eternamente seu...

 

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publicado por Alexandrino Sousa às 22:18

Chove na noite..

Sexta-feira, 06.05.11

 

Abro as portas da varanda

como se quisesse abraçar a chuva que cai,

gota a gota, beijá-la, tomá-la só para mim...

Num lençol do mais puro linho,

imagino minha piscina no jardim,

onde a chuva cai, e pouco a pouco vai subindo.

Salto da varanda, mergulho no lençol,

purifico-me na água da chuva...

A noite assim tem mais encanto,

e o cheiro no ar da terra molhada,

alerta outros sentidos...

Lá fora, cai chuva na noite,

e a noite ganha outro encanto...

 

 

 

 

 

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publicado por Alexandrino Sousa às 22:34


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