IN OUT YOU
Os encontros e desencontros são a luz que nos permitem avançar passo a passo, são vida em cada dia que passa
Aniversário
(são todos convidados...)
De mil anos é a capa que me cobre,
remendada pelo destino,
amarelada pela chuva, sol e o vento,
e cada dia que passa,
não a sinto pesada nem fora de moda,
porque a capa que me cobre,
é esta pele que ainda sente,
que vibra num gesto de carinho,
que se arrepia com um gesto nobre...
E neste aniversário, que é comemoração,
não há lamentos, nem choro de pobre,
porque feliz bate meu coração...
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À Noite...
Aguardo tua visita, noite...
(ainda não nasceu a Lua),
e é tão longo meu caminhar,
nem sei onde pernoite,
se debaixo da ponte, ou na rua
olhando as estrelas,
fascinar-me pelo seu brilho,
contar cada uma delas,
e no final, um sorriso,
porque sempre vejo o paraíso
quando tu vens, noite...
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No sofá...
Meu sofá é meu confidente,
onde me deito, reflicto,
ou então finjo-me de ausente...
E é tão boa a monotonia,
com TV ligada, imagem sem sentido,
mas com som bem alto, boa sintonia!
Acendo só mais um cigarro,
e com o fumo, faço círculos no ar,
imaginando viajar de carro.
Corre velozmente a imaginação,
atropelando os pensamento no asfalto,
e nada fica, nada, só eu e os círculos em decomposição.
Se eu pudesse, fumava dois cigarros,
juntos, chaminé em ebulição,
mil círculos em correria,
em cada círculo um coração,
corações de fantasia,
e ninguém saberia a razão,
porque só num, qual seria?
estaria meu coração...
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Como uma Flor...
Sabe a tristeza, a cinzento,
este ar que me rodeia,
me aprisiona...
Pego um lápis, lápis de cor,
e neste quadro que invento,
desenho teu sorriso,
expressão que sei de cor...
E mesmo sem lápis de cor,
mesmo numa ardósia escura,
nasceria brilho maior,
contornos de teu rosto,
em forma de requintada flor...
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Livro de Mágoa...
Era de Outono, a tarde que pintei
de mil letras, no livro para ti...
E nesse livro, nasciam gotas de água,
gotas de orvalho,
ventos que sopravam de norte...
Podia ser livro de mágoa,
histórias de amor, de sorte,
mas nesse livro, que pintei para ti,
não nascia o sol, estrelas,
nem sequer vias a noite com luar,
ou o ruído clamoroso do mar...
Oh, como me arrependo do livro que te dei,
livro triste, cinzento e que eu pintei,
talvez porque deixei de sonhar...
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Tarde de Outono...
Fria é a tarde de Outono,
de um cinzento sério,
austero, ameaçador.
As crianças brincam,
saltam em volta da fogueira,
(pudera eu entrar na brincadeira),
e ouvem-se risos, gritos,
(semblantes de pais aflitos),
conversas de ocasião...
As tardes de Outono
têm a magia, o condão,
de em volta da lareira,
largar o pensamento,
deixar voar o tempo,
rebuscar lembranças da poeira,
e ao sabor de um café,
fixar a lenha que arde,
e sonhar...porque nunca é tarde...
Tardes de Outono
são as tardes de uma vida,
glórias, fraquezas,
alegrias, tristezas,
são um corrupio sem saída,
ou uma promessa de inverno
que o braseiro teima em avivar...
Fria a tarde de Outono,
sem gritos de crianças...apenas do mar...
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Perdão....
(ficção)
Peço-te perdão
pelas frases que não soube escrever,
e que escrevendo, acabei por dizer
as incertezas que não tenho,
e as fraquezas de meu coração.
Peço-te perdão
pelas estrelas que já brilhavam,
e cânticos de amor já entoavam
num caminho para o paraíso,
mas ainda seguimos na conta mão...
E eu sei que me vais perdoar
sendo este o meu castigo maior.
por não saber conter, ou calar,
emoções que emanam dor
Fecho os olhos e vagueiam os sentidos,
neste silêncio, onde a trovoada acontece,
desde este mar até os cumes perdidos...
Nada digo, nada espero, apenas esta prece....
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O feitiço da LUA...
Fingiste Lua, não me conhecer,
quando só, vagueava na rua,
e se saí, foi só para te ver,
como te vêm os sem abrigo,
os que à noite sonham contigo,
e na loucura te vêm nua.
Ai Lua, companheira de tempos idos,
sorridente e sempre tão cúmplice
dos amores e dos desentendidos,
porque me renegas agora
quando a esperança desflora,
e de mim fogem os cinco sentidos?
Tenho inveja de ti, Lua,
ou raiva, sim, raiva de o sol te possuir
em cada amanhecer...
E eu, só, na terra, te vejo esconder
debaixo de seu manto, raiando luz,
calor, por cada orgasmo, por cada gemer...
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As palavras são ficção...
As palavras que nunca direi,
joguei fora, lixo,
e, oh quanta leveza,
quanta libertação,
pelas palavras presas
sofridas, dentro do coração...
As palavras são ficção,
postais ilustrados,
conjunto de letras,
quais bonecos em acção,
que quando em doses certas,
me impelem na perdição.
E assim, juro não mais falar
nem palavras escrever...
Em meus olhos, sabereis ler
(sim, porque não mentem),
os segredos por revelar,
as traições que julguei esquecer...
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O brilho do sorriso
Sol, é o brilho de teus olhos
que queimam quem neles se perde...
Mar, a extensão do teu sorriso
onde naufragam os sonhadores,
os que por amores e desamores,
se perderam, sem sentido,
sem volta no caminho,
vagueando num imenso vazio...