IN OUT YOU

Fecho os olhos...

Meus dedos percorrem teu corpo,

fixam cada contorno teu,

cada sinal...

Nesta tela, ainda sem vida,

quero te desenhar,

quero ver o que meus dedos "viram",

e saber se meus olhos não mentiram,

quando te chamei "Deusa da Beleza"...

Oh quanta fascinação...

Meus olhos não me enganaram, não,

pois te olhando nesta tela,

corpo sereno com cor de verão,

rosto de primavera em flor,

eu não te menti meu amor,

nem me traiu meu coração...

Sim, tu és uma Deusa,

qual rosa ainda em botão...

Navego em teu corpo

de calmas ondas,

porto seguro,

pouco profundo...

Velas desfraldadas ao vento,

viajo sem tempo

buscando teu paraíso...

E aí, qual oásis no deserto,

é o destino certo

para todas as fantasias,

para as nossas fantasias...

Navego em teu corpo

neste sonhar acordado,

mãos tacteando o tempo,

como se o momento

pudesse ainda ser tocado...

...mãos tacteando o tempo...

e num lamento,

implorando aquele momento...

Hoje...hoje quis lembrar ontem,

como se hoje não existisse,

como se amanhã não viesse,

e o tempo simplesmente parasse...

e o tempo... fosse nosso cúmplice...

Hoje...hoje foi apenas mais um dia,

sem história, sem magia,

sem lugar no calendário....

truz, truz, truz...

Não, não batem á porta

nem tão pouco ao coração,

quem vem, pede licença,

aguarda resposta pronta

num simples gesto da mão...

Ouvir a voz de alguém,

sentir vida, pulsação,

no ar, a respiração,

ou o riso de alegria,

sim, na palma de minha mão,

a voz traz magia,

assim que começa o dia...

Ferem meus olhos meu amor

a chama que de teus olhos vem,

como se labaredas de calor,

como se luz do além,

e no entanto,

como que por encanto,

eu neles me prendo,

e a seus encantos me rendo...

E se os esconderes um dia?

por maldade,

ou por arte de magia...

oh, quanta crueldade...

Ceguem meus olhos, tristes,

que um dia, puros vistes,

se não mais te puder ver,

tão medonho seria meu viver...

"Ouço" o silêncio,

a "voz" do silêncio,

o "sorriso" do silêncio...

E, ouvindo-os,

fica a contento

o meu pensamento...

É no silêncio

que "ouço" o chamamento

do coração...

Que "ouço" a emoção,

e me guio pelo sentimento...

A cada segundo, a todo o momento...

Lentamente,

suavemente,

cada raio de sol

entra pela vidraça,

sem licença,

mas com tanta graça,

me tocando com seu calor,

...talvez me traga um beijo de amor...

O dia de sol é dia de magia,

é um pronuncio de alegria,

é um abraço na manhã,

um beijo na despedida

sempre que se esconde no horizonte...

E se ele tocar tua fronte,

desculpa...é minha carícia proibida...

E se o amor

que nos anima,

que nos faz viver,

se pudesse plantar,

florescer

em qualquer canteiro,

em qualquer vaso,

e aí se reproduzir??

Não, não teria jeito...

Olha todo esse Amor Perfeito,

colorido, sim,

mas preso á terra,

aguardando seu fim...

E se eu pedisse um abraço,

bem forte, bem apertado,

um gesto em forma de laço,

um sinal para a vida??

Se a amizade é sentida,

esse abraço, puro, desinteressado,

terá retorno em dobrado,

aperto para a vida, nunca despedida...

Então, venha daí esse abraço....

Numa qualquer esplanada

com vistas para o mar,

juntos, de mão dada,

falando de tudo, falando de nada,

qual casal a namorar...

E tudo pára, nada existe,

mas em nós persiste

este desejo de ficar...

Mas o tempo passa

depressa, a correr,

e a tristeza nos invade,

corta o coração, faz doer

(o tempo já não tem graça)...

Vais-te embora, fica a saudade,

e no peito o aperto maior,

mas o amanhã, apagará a dor...