IN OUT YOU

e se na manhã de primavera

brilhar forte o sol de verão,

não, não é engano da estação,

nem o desejo que impera,

é o sorriso ardente do coração

que tudo queima, tal a paixão...

Cada grão de areia é uma promessa,

uma semente eterna lançada ao mar,

que um dia há-de renascer em forma de mulher,

e feliz do homem, do marinheiro ou pescador,

que num lindo dia de sol, buscando um novo amor,

se encanta por tão belo ser...

Mar, meu baloiçar de dias de solidão,

ondas tristes se perdendo no areal,

cuidai dela, deste amor que renasceu,

e que um dia o destino me prometeu...

E vós estrelas reflectidas neste mar,

lua cheia, onde se perdem os incautos,

cuidai de quem julga cuidar de mim

se um dia o mar me enrolar, no silêncio sem fim...

Se hoje te pudesse definir,

que palavras haveria de escrever,

quão poucas haveria a dizer,

quão poucas definem o sentir...

E nesta inquieta indefinição

viaja o sábado, tempo imperfeito,

umas vezes chuva, outras sol rarefeito,

quietude plena na emoção...

O sofá, é minha companhia,

e o pensamento viaja no tempo.

Talvez assim te defina com alegria,

ou talvez te deseje tanto no momento.

E nesta inquieta quanto certa indefinição,

as certezas tomam conta do coração...

"À força de falarmos de amor, apaixonamo-nos." - Pascal

...mas mais do que falar de amor, mais do que falar coisa alguma,

foi no silêncio que te soube escutar, e talvez te compreender...

e esse silêncio me disse tanto de ti, tanto de nós....

Que foi que fizemos,

que palavras ocas dissemos,

que no pântano mais vazio

como as profundezas de um rio,

se dissiparam nossos corações??

Mil respostas a tantas questões,

e nenhuma me traz sossego...

Onde houve desapego?

Onde falharam nossas orações?

Como um coração abandonado,

solta-se o barco ancorado,

rio abaixo, levado pela corrente,

o mar o espera, por ele será tomado,

assim morre o amor... quando ausente...

Foram gestos, olhares,

foram coisas singulares,

músicas nos ouvidos,

morangos a dois, divididos,

abraços, mil beijos,

outros mil de desejos,

palavras doces sem fim,

num tempo sem tempo...

E tudo flui suavemente,

o amor é uma arte no momento...

E eu pergunto ás nuvens que passam,

ao sol ainda encoberto,

se mereço, no coração, tal aperto,

quão grande é o sentimento..

A música ouve-se nos confins do universo,

e a nossos pés, nuvens de fino algodão,

onde saltamos, dançamos, música no coração,

e tudo o mais ficou longe...tão disperso...

Segredas-me ao ouvido palavras belas,

que de tão soltas, pairam, baloiçam no ar,

são palavras ditas e reditas do verbo amar,

que nos fazem chamar, tocar as estrelas...

O Sol e Lua, enamorados, fazem-nos companhia,

um ao anoitecer, outro no amanhecer,

e a seu jeito, se beijam, com prazer,

irradiando luz, sonhos, quimeras, fantasia...

A música ouve-se nos confins do universo,

e tudo o mais ficou longe...tão disperso...

nosso tempo não é tempo de hoje ou amanhã,

não é tempo fixado, postado nos calendários...

este tempo que no tempo soubemos inventar,

é de fantasias, de quereres, de um nunca acabar

que o tempo, no coração, continue a sonhar...

solta-se um abraço,

um beijo,

solta-se o sorriso,

e, passo a passo,

num ápice,

...o desejo...

É o paraíso,

são as estrelas,

o luar de verão,

o toar de uma canção

numa qualquer noite,

num qualquer serão...

As noites de verão

são versos, refrão,

em qualquer coração...

Suave e doce a água desta fonte

onde sacias tua sede, salpicas teu colo,

água nascente do monte mais alto,

pura, cristalina, tão transparente...

Assim são teus nobres sentimentos

que só nota quem não está ausente,

estampados num perfeito rosto,

bronzeado pelo sol de Agosto...

Suave e doce a água desta fonte

onde sacias tua sede, teu corpo...