IN OUT YOU
Os encontros e desencontros são a luz que nos permitem avançar passo a passo, são vida em cada dia que passa
nas nuvens....
como se fossem manhãs de nevoeiro
ou fins de tarde sem pôr do sol,
assim vagueiam meus pensamentos
sem rumo certo, sem timoneiro,
desembarcando em terreno mole,
pantanoso, como se num cais de tormentos...
abro mão de minha jangada de pedra,
último reduto, tábua de salvação,
e pé ante pé invento nuvens, aconchego,
abraços no tempo à minha espera,
templo esculpido, quase tentação,
onde só o amor entra e ganha sossego...
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ser criança... outra vez...
amanhã quero ser criança
como se calhar nunca fui,
fazer birras,
levar os cadernos á escola,
passear o pão seco na sacola,
andar descalço por aí...
fazer desenhos do sol sorrindo
e as casas com jardim,
barcos dançando no mar,
e meninos sem braços,
sem dentes,
desenhos sem ponta, sem fim...
mas sendo criança, vou sonhar,
lançar papagaios ao vento,
barcos de papel na água do charco,
roda de bicicleta jogando o arco...
fazer de conta que viajo no tempo
talvez encontre namorada
qual boneca que a irmã tem arrumada...
amanhã quero ser criança,
mas também crescer, duma assentada...
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manhã de domingo....
faz-se tarde na manhã de domingo...
palmilhando a areia molhada,
apenas eu e o mar,
e o zumbido de barulho lá longe
talvez do lado da estrada...
que importa, se são os carros
querendo estacionar,
ou as crianças chegando,
em algazarra para brincar...
continuo absorto nos pensamentos,
com a brisa sem teu perfume,
mas com teus encantos em meu olhar.
sabes, se me perguntares
de que cor era a manhã de domingo,
eu só saberei dizer que era azul,
azul como teus olhos celestes,
que nos meus se perdem sorrindo,
porque nada mais eu vi
ou então no areal eu me perdi...
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na brisa...
brisa fria, agreste,
sacudindo, baloiçando a saudade,
que forte bate no peito...
lá fora, quase o pôr do sol,
quase o fim de tudo,
ou o início do nada...
talvez eu voe com os pássaros,
ou ainda fale com as estrelas,
talvez faça jangada de sonhos
e me deixe levar na brisa do norte...
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nas ondas....
Não sei que tempo é este
onde moro, onde se ouvem
os rumores de meus passos...
sinto-te bem perto mar,
e faz-me falta teu enlaço,
tuas águas, onde navegasse a caravela
das tormentas e do cansaço...
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destinos...
se eu pudesse,
plantava mil árvores,
mil flores,
semeava um ribeiro de mansas águas,
e assim
nasceria um lindo jardim,
onde se afogassem as mágoas...
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talvez não...
talvez não devesse partilhar
ou confessar o que sinto, mãe,
mas sei que me vais ouvir,
e fazeres questão de tua mão eu sentir
como se me quisesses proteger...
eu sei que me vais compreender, mãe,
e sei também que após a lágrima
que teima em cair,
com teu jeito de ser, vais sorrir...
tu sabes, e por certo já leste meu coração,
leste a tristeza em meu rosto
quando a saudade está de feição,
quando os dias não correm,
quando as horas parece que morrem...
e enquanto me é permitido,
deixa-me beijar-te, mãe,
deixa-me guardar esse olhar querido
qual moldura sem parede,
ou de outro local qualquer.
Esse teu rosto, que já teve beleza,
encanto e sorrisos de esperança,
continua lindo,
mas agora com sonhos de criança...
por isso, deixa-me também sonhar, mãe...
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páginas....
parece que fogem as palavras
de minha boca,
de meu olhar...
lembras dos dias que eu era um livro,
páginas que lias de cor,
ou de meu corpo que dizias ser um rio,
em que tu eras navio,
navegando ao sabor
das emoções,
das paixões,
sem amarras, sem porto final...?
Esses dias ficaram no papel,
em palavras desenhadas e coloridas,
aguardando o amanhecer...