IN OUT YOU
Os encontros e desencontros são a luz que nos permitem avançar passo a passo, são vida em cada dia que passa
no espelho...
olham-se ao espelho em cada movimento,
em cada acto, sentindo o gozo intenso
daquela união, ainda que fugaz no tempo.
de rubro, as paredes, as janelas semifechadas
pelos gemidos que rasgam o silêncio,
pela paixão dos corpos em horas sagradas...
em cada olhar, o prazer, a fascinação,
o delírio, como se houvesse paraíso,
céu dos amantes, no pecado.. uma oração...
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era uma vez um livro...
era uma vez um livro,
um livro de memórias,
mil páginas de vida,
mil páginas de histórias...
era um livro que falava,
que sorria (até chorava),
que até tinha personagens,
talvez bonecos, talvez miragens...
lê-lo, era entrar no paraíso
onde cada tema, de tão preciso,
era como se o vivesse
quem o tivesse, quem o lê-se...
aventurei-me na leitura,
página a página, com a ternura
de quem tem um filho na mão,
vivendo cada momento, cada ilusão...
mas o livro não tem fim... que pena...
são apenas retalhos de vida,
imagens, filme que nunca entrou em cena...
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buscando os sonhos...
segue firme seu caminho,
olhando o amanhã
como se não existisse,
e sempre que nele pensa, ri-se,
..o amanhã, o trará o destino...
é assim o amor de hoje,
sem futuro, sem razão,
e da prisão foge,
das promessas, lava a mão,
solto, vive o coração...
mas eis que lhe batem à porta...
não, não é o carteiro.
é a dor procurando abrigo...
"abre, gozei o ano inteiro,
tudo perdi, solidária estou contigo"....
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naufrágio...
abres teus braços,
como se abraços
de amor..
incautos, meus passos
em silêncio, descalços,
seguem-te de cor.
curta a caminhada nos espaços...
solta, vincada, tons baços
é a tua pele, agora trajando dor...
sim, porque esses abraços,
são apenas laços
para um naufrágio maior...
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ondas de ti...
são tuas vestes, as ondas
que a brisa faz baloiçar
em cada movimento teu.
em cada onda, repousa meu olhar,
meu pensamento, baloiçando num barco
sem remos, apenas navegar.
sigo viagem, mera miragem
nas ondas que são teu corpo
e meus desejos em libertinagem...
espera... despe-te de ti,
despe-te dos rios ansiando meu mar...
tanta praia, tanto areal por aqui...
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boa noite...
eram de longe as pétalas das rosas
que a brisa suavemente me entregava.
perfumadas, aveludadas,
cada qual tinha sua cor
e cada uma seu recado de amor.
eram de longe os beijos da manhã,
o acordar de leve como o deslizar do rio
tocando solenemente nosso corpo,
e cada beijo, uma melodia,
uma história, um hino à alegria.
eram de longe os feiticeiros,
os artífices do medo e da penúria
que padecem pelos desencontros no tempo,
e o tempo, a sua capacidade de renovação,
tudo altera, até o que não mais tem solução...
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como um alvo...
como um alvo,
cada lança apontada ao centro
é um martírio, um lento sofrer
até que chegue o momento final...
com a suavidade da esperança,
lentamente se retira cada lança,
cada mágoa, e se tentam curar feridas
por entre lágrimas sofridas.
com os olhos martirizados, vidrados,
com os braços pendentes de cansaço,
deixa-se cair o guerreiro, sentindo falta do abraço
à tanto tempo prometido, e prematuramente roubado...
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"dorme bem"
sem vacilar, em breve escrita,
saem das mãos o adeus,
o silêncio em forma de palavras...
"dorme bem"...
como se do desejo em forma de ritual,
os sonhos e os pesadelos evaporassem
e deixassem o corpo levitar,
tal e qual uma pena de ave no ar...
a custo, relê a mensagem... "dorme bem"
aperta-se o coração, os lábios,
pelo mundo que ficou lá fora...
acorda manhã... chegou minha hora...
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eram jovens...
eram jovens, amantes,
e corriam como as águas de Abril,
viviam como as estrelas no céu,
e sorriam como o sol no verão.
cada dia era como se fosse o amanhã
e o ontem já não existisse,
era como se o hoje fosse o amanhecer
do tanto que haveria a viver...
entre cada abraço, cada beijo,
um olhar, palpitação, desejo,
desconcerto com o relógio que não pára
nas manhãs de cada estação...
eram jovens e amantes
como as raízes das árvores frondosas,
entrelaçadas, vigorosas,
mas tão frágeis nas tempestades errantes...
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faz-se tarde...
faz-se tarde...
pudera eu lançar a rede
e pescar todos os medos
espalhados nas veias,
todos os enredos
que me sufocam...
soltar-me dos grilhões
de todas as prisões,
romper todas as teias,
as agruras que me tocam...
pudera eu ser mar,
ondas de rebentação
onde nada sobrasse,
nem do pensamento
nem do sonhar.
pudera eu ser infinito,
pedra, metal nobre,
um puzzle, um labirinto,
ou simplesmente o céu, que cobre
os pobres de espírito...