IN OUT YOU
Os encontros e desencontros são a luz que nos permitem avançar passo a passo, são vida em cada dia que passa
estados d`alma... (2)
lentamente, em agonia,
morrem as certezas da manhã,
as quimeras ainda em gestação,
as flores da primavera adiada...
abro a mão, cada dedo tem um segredo...
os dedos onde sentia teu coração
na paz do silêncio, por entre o arvoredo.
e tudo cai, tudo se esfuma no chão de nada.
até os dedos são pedra, em decomposição,
restos mortais, num tempo sem hora marcada...
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estados d`alma...
amparados, ombro a ombro
seguem estrada fora,
de nada falam
e no silêncio calam
a dor, que dentro mora...
"vamos parar, ou seguir em frente?"
pergunta o corpo doente...
responde a alma em voz deprimente...
"melhor parar...
vê... já morremos...
nossos olhos já não vêm o presente..."
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histórias de verão...
ainda chamas pelo verão,
pelas manhãs de nevoeiro,
pelo amor nas dunas?
tudo era silêncio...
para quê falar
se os corpos se entendiam
e abriam à penetração?
mais abaixo, o mar,
o sereno enrolar na areia,
e nesse embalar,
cada olhar, cada beijo,
era mais uma estreia
para espicaçar o desejo...
tão leve teu corpo
baloiçando ao sabor da brisa,
teus cabelos esvoaçando,
e teus peitos sussurrando
pelos lábios meus...
deixa-me adormecer nos braços teus...
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manhã de março
manhã de Março, primavera em flor...
ouve, cantam as rolas, os melros,
tudo ganhou vida, tanta cor...
até o mar docemente morre na areia
e nos convida a entrar, qual canto de sereia...
manhã de Março... convite ao amor...
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na despedida...
estranha a forma de partir,
sem um adeus, ou até já...
como se não houvera despedida,
mas tão só uma fugida
como quem faz um recado...
sorriem os namorados
e num longo beijo apaixonado,
partem um para cada lado,
mas levam os sonhos
nos lábios ainda molhados...
se um dia partires no vento,
não acenes, nem olhes para trás.
talvez já não vejas ninguém.
nem a sombra da imagem...
tudo se transformou em miragem...
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brilham meu olhos...
brilham meu olhos pelos olhos teus
em cada manhã, em cada fim de tarde,
em cada sonho, mesmo que acordado...
ao ver o brilho dos teus olhos nos meus,
oh amor, impossível não ser verdade
cada frase, cada gesto apaixonado.
riem meus olhos, meus lábios sagrados,
minha nudez, ansiando a tua...
repara, também se despiu a lua
vagueando por entre os namorados.
oh, como se masturba e geme,
triste, só, a lua é como um barco sem leme...
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nasceu o sol, meu amor...
nasceu o sol, meu amor,
e como é lindo o amanhecer,
como se o dia , em forma de flor,
perfumasse o nosso querer
qual bouquet em nosso regaço...
extasiados, solta-se teu abraço
num aperto que prende a alma,
e dá razão aos sentidos...
soltam-se de paixão os beijos
em espaços para tantos proibidos.
que importa a gente que passa...
nasceu o sol, meu amor,
cantam as aves em redor,
solta-se a música com tanta graça
que nós até esquecemos de fazer amor...
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como um rio...
como um rio
que em desafio
segue entre margens,
como um barco
remo a remo
contra a corrente,
teimosamente
lanço amarras
onde nada me prende...
ao longe,
uma estrela cadente
e mais mil a brilhar
num céu infinito e presente...
num olhar sereno,
ausculto a alma
e não vislumbro paz...
nada a satisfaz...
tanto luto..tanto enredo...
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dia de sol...
fez sol, muito sol na minha rua,
mas não vi crianças brincando
nem pessoas de passo apressado...
apesar do sol na minha rua,
já ninguém mora aqui,
ou se moram, talvez nem gostem do sol
e preferem ver à noite a lua...
mas as crianças, a correria das crianças,
trazem-me à memória lembranças
do menino que na rua corria,
e era feliz à noite... quando adormecia...
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tempo que passa...
indiferente ao tempo que passa,
perde-se por entre as ruas e avenidas,
focando cada vitrina, cada recordação.
lembra das horas que eram dias,
ou dos dias que eram segundos
conforme a ocasião desses dois mundos...
eram estes dias que voavam no tempo
por entre abraços partilhados e fecundos,
entre gemidos pintados com nuances de paixão...
indiferente ao tempo que passa,
refugia-se nos pensamentos e nas lembranças
de um tempo, que a história grava e não apaga...