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a carta que nunca escrevi...

Sexta-feira, 06.06.14

 

 

 

meu amor, amor que nem sei se existe,

faz tanto, tanto tempo que partiste,

que nem sei se algum dia te conheci...

 

por certo algures nos conhecemos,

por certo em muitos locais amor fizemos

e fomos felizes...senão, não escrevia para ti...

 

mas sabes, são tão poucos os momentos de lucidez,

que nem sei quando vejo a verdade em toda a embriaguez

que me toma, quando leio o que escrevi.

 

chamei-te de "amor" como te chamaria outro nome qualquer,

desde que teu nome fosse um lindo nome de mulher,

mas não, não me lembro se algum dia o proferi...

 

olha, só agora me dou conta (ah esta minha cabeça...)

que não sei tua morada, nem sei a quem peça

que te faça chegar a carta, que escrevo e em voz alta reli.

 

se não receberes noticias minhas, se a carta se extraviar,

nada perdeste, quando a escrevi, senti-me sonhar

num amor que nunca tive, mas algures na vida eu sei... eu o vivi....

 

 

 

 

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publicado por Alexandrino Sousa às 22:57

o espelho e a sombra...

Sexta-feira, 06.06.14

 

 

 

há um espelho, 

a frente e o verso no espelho,

há uma imagem que a luz reproduz,

a sombra,

que não é o verso,

mas sim o inverso da imagem...

e há as fantasias

de vermos o que não se vê,

a imaginação,

a perigosa tentação

de ler o que não se lê...

 

há um não sei o quê

de te imaginar nua,

tua sombra propagada pela lua

num banco do jardim...

quem passa vai te possuindo

sem prazer, ou até fingindo,

mas no final, fica sorrindo

por estranho engano, a tentação do querer...

 

 

 

 

 

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publicado por Alexandrino Sousa às 19:46