IN OUT YOU
Os encontros e desencontros são a luz que nos permitem avançar passo a passo, são vida em cada dia que passa
“ruído”
é este rumor que me embala,
cada onda de água viva e espuma
que se desfaz a meus pés,
leva o pensamento até o infinito,
apenas quebrado por um ou outro barco parado na linha do horizonte...
manhãs de vida e ruídos de crianças,
que nos levam à infância,
ao mais puro de nós,
retratos de beleza ímpar
moldados de ingenuidade...
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tempo presente...
(foto da net)
a rua continua no mesmo local,
nada mudou, ou antes, o tempo
rejuvenesceu-a, ficou mais atraente.
caminhando, passam por mim os presentes
e os ausentes (saudade!)... sim os ausentes
que também fizeram parte desta rua.
o tempo passou rápido, quantas vezes sem despedida
sem um último olhar, um até já...
olho as janelas, algumas há tanto tempo fechadas,
cortinados em desalinho, sem uma alma a espreitar.
sigo em frente, talvez deva olhar em frente.
este tempo, este presente,
pouco ou nada me diz. talvez a ilusão em minha alma
arrefeça um sangue ainda em ebulição... preciso de paz, de calma...
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podia...
posso esquecer ou fingir,
que apago da memória
pedaços de vida, tanta história...
posso até fazer de conta,
que o brilho desse olhar
já nada diz... oh, não vale enganar
o que bate, bate, bate sem parar...
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mar calmo
e se do mar eu fizesse um rio,
sem barco
sem navio,
ou apenas um charco
para chapinar?
assim está hoje o meu mar...
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a rua onde moro...
a rua onde moro
não é minha,
não é de ninguém,
e por ser assim,
ai de quem
sem decoro,
ou à socapa na noitinha,
a maltratar,
fazer de conta
que a rua é pouca monta...
não, a minha rua
é a minha sala de visitas,
o "tapete" que dá nas vistas,
que desejo também ser a tua...
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horizonte e infinito...
abrem-se os horizontes
e desenha-se a linha do infinito,
que se confundem, que se tocam...
as manhãs têm o dom de fazer sonhar,
de nos imaginarmos gigantes...
com um dedo, tentar alcançar
a nuvem que parece pousar no mar,
lá longe... e ao mesmo tempo tão perto.
o pensamento navega na brisa,
fresca, na manhã ainda a acordar,
talvez regresse amanhã,
talvez ouse continuar a sonhar...
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sei de um ninho...
parecem doidos os pardais,
esvoaçando, chilreando
em bandos no quintal...
bem no meio da japoneira,
um ninho de melros...
espreito.. queria só ver
quantos filhotes a crescer...
ar sério, bico amarelo bem afiado,
ameaçador,
(deve ser o progenitor)
convida-me a afastar...
sei de um ninho,
sei quem está lá a morar,
mas prometo não divulgar...
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noite...
sinto o peso da noite em meu corpo
como se fosse algo físico, palpável,
e no entanto não te vejo, noite...
entre a solidão das quatro paredes,
escondo todas as luzes
para não te ver chegar, noite.
assustas-me, como me assustam
todos os meus medos,
os meus segredos,
ou todos os enredos que ainda labutam.
fecho os olhos ...
talvez adormeça com o murmúrio do silêncio
ou com a recordação de um breve olhar...
talvez não deva acordar...
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momentos...
há momentos assim...
fechamos os olhos,
desligamos do mundo,
escutamos a alma,
"o silêncio mais profundo"...
e no meio do nada,
a história de vida,
passo a passo,
sem meta de chegada...
que importa??
baralhado, em colisão com as regras,
joga as cartas
perscrutando a sorte e o azar...
talvez não o devesse ter feito...
adensam-se respostas
que lhe prendem o peito,
outras que o fazem chorar...
que importa?
há momentos assim...
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no "jardim do Éden"
por entre tantas
e tantas plantas,
numa peguei,
cheirei,
e como é natural,
meu lado emocional
num instante ruiu...
pequei (ainda que ninguém viu),
ao cortar prematuramente
um ser que não deixa semente...
triste de ti planta indefesa...
triste de mim, alma em guerra acesa...
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fria a noite...
é tarde
e fria a noite,
não tenho quem me acoite,
nem alma em frio leito
que me aqueça, onde me deito...
apaguem-se as estrelas
e o luar que me persegue,
estou só, e de tão leve,
que me leve a brisa em manto frio,
e me deixe nos braços d`algum rio.
estou só e a imagem de ti...
pior, invento-te em cada lugar
qual pedra esculpida pelo meu olhar!
foge, foge para o fim do mundo,
paz, quero paz, ainda que por um segundo...
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porque brilha uma Estrela...
os homens têm o dom da criação,
e como tal, inventaram um dia especial
de luzes, cor, movimento,
montras de tudo e de nada, de ilusão,
e no calendário, baptizado de "Natal"...
as crianças riem e choram,
zangam-se ou imploram
por aquele brinquedo tão banall!!
lá no alto, no firmamento,
aquela Estrela, luz brilhando,
ou talvez chorando
lágrimas de sangue ou de sal,
por tanto reboliço na cidade...
Eu? inquieto-me e escondo a verdade...
também fui corrompido,
e no burburinho perdido,
neste mundo tão vazio, tão material...
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entardecer...
já não sei buscar
as palavras,
escrever frases soltas,
que animam o caderno da vida
no pensamento...
estendo o tapete
onde deambulam teus passos,
leves, soltos, sim...soltos,
que te podem levar ao infinito.
serenamente, aguardo.
e confunde-se dentro de mim
o amanhã...
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no palco do mundo...
na sala quase vazia de visitas,
o murmurinho, a excitação
pelas palavras que serão ditas...
será sentença, será sermão,
ou tão só frases sem sentido...??
ri-se o narrador... insensata a plateia
que ousou pensar, libertando ondas de ruído
num rio calmo, espelho de água em lua cheia
onde só os incautos se rendem, se deixam prender
na aparente beleza, que só a lua sabe conceber
olha a sala mais uma vez, pela última vez...
olhares cabisbaixos, perdidos no tempo,
desilusão correndo o pensamento,
e eu tão só, no palco do mundo da sensatez...
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o passar do tempo...
aprendi a contar pelos dedos,
coisas de menino, de inocente,
talvez assim chegasse a gente
e afastasse de mim todos os medos...
quanto mais contava,
mais os anos passavam,
e meus dedos já não chegavam
para conta tão elevada...
agora reparo em tanto calendário rasgado,
em datas que não vou mais lembrar,
em velas que ficaram por apagar,
nas rotinas diárias que já são passado...
num ápice, num fugaz pensamento,
um filme, mil retratos de nós,
os amigos, família, momentos a sós,
quase tudo levado pelo vento...
quarenta anos, quarenta vidas,
muitos, por certo de ilusões,
quantos sonhos, quantas emoções,
e no final, um palco... as despedidas...
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faz tempo, tanto tempo...
faz tempo, tanto tempo,
que o destino era o norte,
correria louca,
coração batendo forte
para os braços do aconchego...
faz tempo, tanto tempo,
que de tão distante
se perdeu o horizonte,
os trilhos, os cheiros,
o riso contagiante
que agora sondo nas asas do vento
e tu tempo que não voltas atrás
que de mim levaste as memórias
todas as recordações,
tem dó, devolve-me a paz
num livro de contos, de histórias....
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cantos do mar...
há um chamamento,
um convite, uma fixação,
sempre que por ti passo, mar...
e são tantas as vezes,
tantas, que seriam de perdição
se nos teu encantos me deixasse levar...
vejo as vestes negras
das mulheres contemplando o horizonte,
triste sina, triste dor
de quem perdeu, quem o mar levou...
não me chames, mar,
por mim espera, quem sempre me amou...
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quando o dia se vai
quando o dia se vai
e cai a noite,
entre as paredes do quarto, o silêncio,
e tu, o teu momento
de entrega,
de agradecimento
por mais um dia...
recolhes-te em teu corpo indefeso
e entre murmúrio de palavras,
fecharás os olhos,
sem dares por nada,
e quando acordares,
ainda que de madrugada,
sorrirás,
"obrigado por cuidares de mim,
ajuda-me em nova jornada.."
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sonho de menino...
era uma vez um menino
dócil, de aspecto frágil,
das palavras fugidio,
de coração em nada traquino,
era apenas um menino...
e como todos os meninos, sonha,
lê as estrelas e fala com a lua...
seu quarto é seu mundo
e sua cama sua rua,
rua de gentes, de tempestade e de bonança,
onde ele vê o que mais ninguém vê...
e o menino cresce, no olhar e no querer,
no saber ouvir, entender
que o seu mundo, não é igual ao de muita gente,
e se questiona, se revolta,
se preciso, se machuca.. nada tem a perder...
correm os dias, ano após ano,
subimos o palco da vida, corre-se o pano,
uns batem palmas, outros fingem não ver,
no final, a consolação, a paz d`alma
de quem foi dócil até um dia..até crescer,
que soube ouvir, ousou falar sem medo...sem nada a perder...
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manhãs de nevoeiro
não sinto o cheiro, os aromas
das manhãs de outono,
tão frias, cobertas por este manto de dor,
vagueando por aí, sem dono...
nevoeiro perdido, cobrindo tudo em redor,
acolhe-me em teu regaço,
embala-me em tua teia
tão frágil, qual gota de água
perdida num rio, procurando seu espaço...