IN OUT YOU
Os encontros e desencontros são a luz que nos permitem avançar passo a passo, são vida em cada dia que passa
ainda o confinamento...
por mais que meus passos
se confinem no vazio,
amanhã virá a hora,
a hora onde os segundos, longos,
de tão longa a demora,
de um charco, nascerá um rio...
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tanto mar...
o mar, sempre o mar,
o ruído que espanta,
que tanto encanta,
que nos faz pensar...
perdido na imensidão da água,
onda após onda, ruído que embala,
que nos adormece, nos cala,
que sossega a dor, a mágoa,
perco-me onde me encontro,
neste mar, neste imenso areal,
lençol de ideias, de emoções (quantas sem sal),
vale de lágrimas precoces do desencontro...
se não existisses mar, como seguir viagem
no pensamento, perdido entre o ruído e o querer,
o desejo, um rosto de mulher,
sem barco de salvação para a outra margem...
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para além do silêncio...
para além de mim, para além de tudo,
existe o silêncio, apenas o silêncio...
shiu... ouves o silêncio?
vês o silêncio, a cor do silêncio?
e no entanto ele existe, toca,
mexe contigo, comigo,
num jogo de medo?, de incerteza?
talvez queira te levar aos limites,
ao confim dos limites.
num acto de desespero (de loucura?),
espremo o pensamento
(será possível espremer o que não se vê?),
a matéria inaudível, talvez disforme,
com o muito, muito querer,
sendo as paredes do quarto meu refúgio,
minha planície, minha montanha a escalar,
onde as marcas de sangue são prova de lucidez...
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LUZ, raio de LUZ...
acordo pela manhã (tão cedo),
ainda os raios de sol por chegar,
e no peito, este aperto, esta vontade
de erguer as mãos, orar
a quem não vejo, mas que me guiará na cidade.
no escuro de quatro paredes,
na Luz que me invade e me ilumina,
a paz, o sossego da alma,
este querer mais que querer que me anima
e me faz correr, fluxo de Vida que me acalma...
medo de morrer? como, se vivo para além de viver,
para além da morte que um dia virá,
mas até esse dia (talvez numa noite fria)
admiro o céu, a estrela que um dia me guiará
até o paraíso, planalto de vida e magia, de alegria...
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num abraço...
no silêncio dos olhares,
no toque mais precioso,
subtil, pele com pele,
o renascer harmonioso
de toda a leveza do ser...
e afinal, bastou um abraço,
encontro em forma de laço,
e no olhar, uma intensa fusão
com o palpitar do coração...
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da minha varanda...
no refúgio da minha varanda
nascem os sonhos, os pensamentos,
os aromas da primavera,
a vida no chilrear das aves,
e eu finjo não ouvir ou sentir
não vá o mundo me trair...
assim, tão simples, tão normal,
viver a vida, apenas viver,
ver, como se não houvesse olhar,
caminhar, no vazio, no mesmo lugar,
falar, sem nada dizer,
ouvir, abrindo o coração...
e assim, em forma de melodia,
nascem notas de uma canção,
sem acordes, apenas a alegria
do respirar, sentir a emoção...
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anoiteceu...
anoiteceu meu amor,
e sempre que anoitece,
elevo as mãos numa prece
para que estejas bem...
lembro que receavas o escuro,
as noites sem luar,
e o quarto aberto
com a porta por fechar...
eu era teu porto de abrigo,
o aconchego em meus braços
que presos a ti como abraços,
te davam o céu, a quietude do paraíso...
livres como aves no vento,
eram nossos os mares, as planícies,
os sonhos, as quimeras... as diferenças,
que vão corroendo o sentimento...
na desilusão do momento,
deixamo-nos levar na brisa que passa,
destinos perdidos no tempo
até que o tempo do tempo se desfaça...
mas já não tenho notícias tuas
e até as lembranças
(que antes partilhavam meu leito),
vão rareando...por onde andas?
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divagando...
rasga-se o céu entre o azul
e o cinzento da nuvem que passa...
sorrindo, brotam os raios de sol,
ou tão tristes, caem pingos de chuva
nesta tarde primaveril.
apetece sair, tocar, sentir,
despertar os sentidos,
não vá o mundo ruir...
quem disse que amanhã também é dia,
ou que após um dia, virá outro dia?
quem planeou o quê e feliz se deitou
porque os astros se uniram, Deus deixou,
e o mundo não girava ao contrário?
insignificantes, somos moldados, levitados
como marionetas coloridas,
mãos atadas ou braços cruzados,
ansiando pelo pôr do sol das férias prometidas...
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confinamento...
este é o tempo
do confinamento,
(palavra estranha,
que se entranha)...
é um deserto de ideias
onde me perco,
e onde tu vagueias,
ladeando-me, fazendo cerco...
sim, tu luz opaca,
cobarde e sem sentido,
indiferente ao desespero que mata,
ao destino... agora proibido...