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Florbela Espanca_Sonetos 2

Terça-feira, 20.01.09

 

E como ontem prometi, hoje transcrevo outros dois sonetos de Florbela Espanca que me fazem "parar" no tempo:

 

 Amar

Eu quero amar, amar perdidamente!

Amar só por amar: Aqui...além...

Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente...

Amar! Amar! E não amar ninguém!

 

Recordar? Esquecer? Indiferente!...

Prender ou desprender? É mal? É bem?

Quem disser que se pode amar alguém

Durante a vida inteira é porque mente!

 

Há uma Primavera em cada vida:

É preciso cantá-la assim florida,

Pois se Deus nos deu voz, foi para cantar!

 

E se um dia hei-de ser pó, cinza e nada

Que seja a minha noite uma alvorada,

Que me saiba perder...pra me encontrar...

 

Pobre de Cristo

Ó minha terra na planície rasa,

Branca de sol e cal e de luar,

Minha terra que nunca viste o mar,

Onde tenho o meu pão e a minha casa.

 

Minha terra de tardes sem uma asa,

Sem um bater de folhas...a dormitar...

Meu anel de rubis a flamejar,

Minha terra moirisca a arder em brasa!

 

Minha terra onde meu irmão nasceu

Aonde a mãe que eu tive e que morreu

Foi moça e loira, amou e foi amada!

 

Truz...Truz...Truz...-Eu não tenho onde me acoite,

Sou um pobre de longe, é quase noite,

Terra, quero dormir, dá-me pousada!...

                                  

                                             Florbela Espanca

                  

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publicado por Alexandrino Sousa às 21:36


13 comentários

De Velucia a 21.01.2009 às 02:42

Oi Alex

Florbela pode nesta frase "Que seja a minha noite uma alvorada,

Que me saiba perder...pra me encontrar..."

ter querido dizer:

Ando pela noite acordada
E é nela onde me encontro...?
Não importa onde vou ou estou
O que importa é a minha madrugada.


Ps. Coloca letra maior, está muito pequna para ler.

Abraço.

De Alexandrino Sousa a 21.01.2009 às 18:41


Olá Vera,
Eu nem vou tentar decifrar o que Florbela quererá dizer...
Lembro que nas aulas de português, quando tinhamos que tentar decifar Camões, eu acho que sempre falhei...
Olha já coloquei a letra maior nos dois posts. Quanto à biografia, como te disse não consigo enviar. Mas podes ir buscar através do Google, ou mesmo copiar do blog (penso que dá.)

Beijinhos
Alex

De green.eyes a 21.01.2009 às 09:56

"E se um dia hei-de ser pó, cinza e nada

Que seja a minha noite uma alvorada,

Que me saiba perder...pra me encontrar..."

E se amar é viver e não sofrer,

quero aproveitar todos os momento

da vida até morrer.

Beijinho

De Alexandrino Sousa a 21.01.2009 às 18:18


Olá Ana,
Pelos teus comentários, penso que também gostas de Florbela.
Mas na minha opinião, amar sim é viver, mas muitas vezes também é sofrer...mas valerá a pena?

Beijinhos
Alex

De green.eyes a 21.01.2009 às 21:13

Definitivamente para mim amar é viver, e se esse amor não for correspondido e for para sofrer, então não vale a pena sofrer.
Prefiro aproveitar todas as coisas boas que a vida me proporciona, do que viver a sofrer de amor.

Beijinho

De Alexandrino Sousa a 21.01.2009 às 22:36



Olá Ana,

Como estou de acordo contigo...

Bjs
Alex

De gatinhaperdida a 21.01.2009 às 13:25

Olá,Alex
Adoro Flor Bela Espanca,tem uma escrita única,um sentimento,uma paixão...Enfim...
Parece que em todos os poemas e sonetos dela ,que sabe a nossa dôr,o nosso anseio,os nossos sentimentos..
Adorei que tenhas transcrito para aqui.
Beijinhos e fica bem
Inês

De Alexandrino Sousa a 21.01.2009 às 18:23


Olá Inês,

Sabes, penso que muitos de nós que escrevemos aqui na net, gostariam de escrever como Florbela, mas falta-nos o engenho e arte, já que motivos temos de sobra...
Ainda bem que gostaste. Foi uma forma de recordarmos Florbela Espanca

Beijinhos
Alex

De SweetDreamer a 21.01.2009 às 20:53

'Eu quero amar,amar perdidamente...'

Mais uma vez brindas os leitores deste blog com poemas maravilhosos desta grande mulher!!
Ás vezes sou um bocadinho como a Florbela...refugio-me na escrita para fugir aos problemas e é por isso [também por outras razões] mas principalmente é por isso que escrevo no blog...
A necessidade de partilhar experiências e de deixarmos que a nossa voz interior fale é enorme..
Felizmente há sempre quem nos dê uma palavra de apoio...Até olhar a lua é um apoio...pelo menos para mim...

Beijinho*

Carine.

De Alexandrino Sousa a 21.01.2009 às 21:05


Olá Carine,

Tenho (tinha) ideia de ti de seres uma miuda muito novinha, mas pelo teu comentário pareces alguém já adulto, que pensa (não que os mais jovens não pensem) e que diz coisas muito sentidas ("deixar que a voz interior fale" e "Até olhar a lua é um apoio"). Gostei

Beijinhos
Alex

De sp a 21.01.2009 às 21:51

Pois, Florbela Espanca é Florbela Espanca, e palavras para quê?? São simplesmentes lindos os sonetos...

Beijinhos, e sim ainda bem que te lembraste de publicar Florbela Espanca no teu blog...
Beijinhos

De Maria haswell a 22.01.2013 às 14:21

Lindos sinceros sentidos poemas k descrevem o Meu alentejo tal como eu o Sinto e vejo!

De Alexandrino Sousa a 22.01.2013 às 19:49

sem dúvida, poemas lindos, mesmo que por vezes entranhados de sofrimento...

Alex

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