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memórias...

Segunda-feira, 09.06.14

 

 

virgens os meus pensamentos

em cada manhã, em cada acordar,

como se a vida fosse recomeçar

do ponto zero...

mas é tão efémero o momento...

 

olho os ponteiros do relógio

e sinto que se faz tarde...

 

impossível esquecer o passado,

o tambor do tempo, 

o ressoar a cada minuto do dia.

tentar dar a volta? oh vil fantasia

a memória me prenderá como facto consumado....

 

 

 

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publicado por Alexandrino Sousa às 10:20

no espelho...

Domingo, 08.06.14

 

 

em teu rosto, as lágrimas que nunca verteste,

lágrimas por um amor ausente

que tornando-se estéreis, eternamente

carregarás em teu olhar,

serão lágrimas de dor, e de saudade... tão presente.

 

eu teu rosto, o vazio de um olhar sem brilho,

espera dolorosa no tempo

por um passado sem história, varrido pelo vento

e para sempre perdida por entre os dedos,

de uma forma cruel, em tão memorável momento...

 

teu rosto... máscara perfeita, sem rugas,

sem idade, que o tempo criou...

apenas plástico, patamar que a alma alcançou

para não morrer, sempre que se olhava ao espelho,

para não lembrar o quanto sofreu.. o quanto amou...

 

 

 

 

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publicado por Alexandrino Sousa às 15:55

a carta que nunca escrevi...

Sexta-feira, 06.06.14

 

 

 

meu amor, amor que nem sei se existe,

faz tanto, tanto tempo que partiste,

que nem sei se algum dia te conheci...

 

por certo algures nos conhecemos,

por certo em muitos locais amor fizemos

e fomos felizes...senão, não escrevia para ti...

 

mas sabes, são tão poucos os momentos de lucidez,

que nem sei quando vejo a verdade em toda a embriaguez

que me toma, quando leio o que escrevi.

 

chamei-te de "amor" como te chamaria outro nome qualquer,

desde que teu nome fosse um lindo nome de mulher,

mas não, não me lembro se algum dia o proferi...

 

olha, só agora me dou conta (ah esta minha cabeça...)

que não sei tua morada, nem sei a quem peça

que te faça chegar a carta, que escrevo e em voz alta reli.

 

se não receberes noticias minhas, se a carta se extraviar,

nada perdeste, quando a escrevi, senti-me sonhar

num amor que nunca tive, mas algures na vida eu sei... eu o vivi....

 

 

 

 

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publicado por Alexandrino Sousa às 22:57

meu mundo...

Terça-feira, 27.05.14

 

 

subtilmente abres as portas do meu mundo,

lado a lado com a inocência no olhar,

e é nesse olhar, sereno e profundo,

que me questionas, sinto-o, e mesmo sem falar

lês todo um ser, como se um livro aberto...

 

nada escondo, e de te sentir tão perto

baralham-se minhas contas, o atrevimento

renasce, florescem, incendeiam-se mil ideias

numa mente que te despe no momento,

e me encanta, como se embalado por mil sereias...

 

ouço o mar, a espuma se sumindo no areal,

outros ruídos, tentativas de afastar meu medo,

dúvidas...e nesta guerra, minha, invento um sinal,

armadilhas, se invadirem meu refúgio, meu rochedo...

 

 

 

 

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publicado por Alexandrino Sousa às 21:49

minhas mãos nas tuas...

Segunda-feira, 19.05.14

 

 

 

prende minhas mãos nas tuas,

sente, lê cada palavra

escrita pelos meus dedos

como se escrita pelos meus lábios

nos lábios teus...

 

lentamente, degustando o prazer,

lembra do chocolate,

das amêndoas na Páscoa

ou dos morangos de paixão,

por entre o espumante no verão...

 

espera, sente o calor de minha pele

tacteando a tua pele,

os dedos novamente escrevendo

todos os passos a seguir...

 

teus olhos, teus movimentos

pedem mais, erecção dos sentidos

em tantos planos proibidos...

prende minhas mãos nas tuas,

como se, bem fechadas,

guardássemos eternamente a vida...

 

 

 

 

 

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publicado por Alexandrino Sousa às 21:41

utopias...

Sábado, 17.05.14

 

 

 

não foi em vão 

que na noite trilhei caminhos,

atravessei riachos,

e ouvi os sons do coração.

 

não foi em vão

que subi escarpas,

serras, derrubei muros,

e te estendi a mão.

 

não, não foi em vão

que despi os medos,

enfrentei oceanos,

e sem armaduras de aço, disse "não".

 

acredita..eu acredito... não foi em vão

o beijo que ganhamos,

o abraço que o frio selou para sempre,

e hoje sentimos, como singela recordação...

 

mas sabes, talvez fosse em vão,

se o "amanhã" fizesse parte do refrão...

 

 

 

 

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publicado por Alexandrino Sousa às 18:14

no silêncio...

Sábado, 03.05.14

 

 

 

em vão troco as voltas ao pensamento,

ao diluir das palavras já gastas,

como se as histórias não se perdessem no tempo

e ficassem só os títulos, amarrotados nas pastas...

 

num ápice, um turbilhão de momentos,

os olhares que liam a alma, os beijos que nos uniam

num só corpo, e que de tanto amor sedentos,

tudo parava, como os anjos previram e queriam

 

faz tanto vento lá fora nesta manhã de sol e cor,

e tudo aqui é silêncio... veste-se de luto o meu amor...

 

 

 

 

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publicado por Alexandrino Sousa às 11:22

teu afago...

Sexta-feira, 02.05.14

 

 

 

sinto teu toque em meu rosto,

teu afago nas manhãs de primavera,

no pôr do sol no verão.

em cada afago, um sopro no coração,

com palavras que só ele entende...

 

abro a janela para a vida,

preciso te sentir novamente

na brisa que tarda chegar...

talvez tenhas adormecido, ou te sintas perdida...

Amor, ainda é cedo, tanto tempo para amar...

 

e são estes gestos que se repetem,

gestos que não mentem,

como dois corpos se amando,

se fundindo no acto,

almas gémeas gemendo e vibrando...

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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publicado por Alexandrino Sousa às 12:33

escrever, o quê?

Terça-feira, 22.04.14

 

poderia escrever um poema

ou prosa com tons de poesia...

poderia escrever...

mas não escrevo...

aliás, nem sei qual o tema

a que me proporia,

tal o vazio no querer...

 

se eu fosse jardineiro,

falaria da beleza e do perfume

das flores, no canteiro...

 

se eu fosse artesão,

seriam as peças a falar

moldadas por minha mão...

 

se eu fosse dono do mundo,

talvez deixasse falar meu coração

no teu coração... só por um segundo...

 

 

 

 

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publicado por Alexandrino Sousa às 21:17

histórias de verão...

Sábado, 15.03.14

 

 

 

ainda chamas pelo verão,

pelas manhãs de nevoeiro,

pelo amor nas dunas?

tudo era silêncio...

para quê falar 

se os corpos se entendiam

e abriam à penetração?

 

mais abaixo, o mar,

o sereno enrolar na areia,

e nesse embalar,

cada olhar, cada beijo,

era mais uma estreia

para espicaçar o desejo...

 

tão leve teu corpo

baloiçando ao sabor da brisa,

teus cabelos esvoaçando,

e teus peitos sussurrando

pelos lábios meus...

deixa-me adormecer nos braços teus...

 

 

 

 

 

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publicado por Alexandrino Sousa às 19:41