IN OUT YOU
Os encontros e desencontros são a luz que nos permitem avançar passo a passo, são vida em cada dia que passa
memórias...
virgens os meus pensamentos
em cada manhã, em cada acordar,
como se a vida fosse recomeçar
do ponto zero...
mas é tão efémero o momento...
olho os ponteiros do relógio
e sinto que se faz tarde...
impossível esquecer o passado,
o tambor do tempo,
o ressoar a cada minuto do dia.
tentar dar a volta? oh vil fantasia
a memória me prenderá como facto consumado....
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no espelho...
em teu rosto, as lágrimas que nunca verteste,
lágrimas por um amor ausente
que tornando-se estéreis, eternamente
carregarás em teu olhar,
serão lágrimas de dor, e de saudade... tão presente.
eu teu rosto, o vazio de um olhar sem brilho,
espera dolorosa no tempo
por um passado sem história, varrido pelo vento
e para sempre perdida por entre os dedos,
de uma forma cruel, em tão memorável momento...
teu rosto... máscara perfeita, sem rugas,
sem idade, que o tempo criou...
apenas plástico, patamar que a alma alcançou
para não morrer, sempre que se olhava ao espelho,
para não lembrar o quanto sofreu.. o quanto amou...
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a carta que nunca escrevi...
meu amor, amor que nem sei se existe,
faz tanto, tanto tempo que partiste,
que nem sei se algum dia te conheci...
por certo algures nos conhecemos,
por certo em muitos locais amor fizemos
e fomos felizes...senão, não escrevia para ti...
mas sabes, são tão poucos os momentos de lucidez,
que nem sei quando vejo a verdade em toda a embriaguez
que me toma, quando leio o que escrevi.
chamei-te de "amor" como te chamaria outro nome qualquer,
desde que teu nome fosse um lindo nome de mulher,
mas não, não me lembro se algum dia o proferi...
olha, só agora me dou conta (ah esta minha cabeça...)
que não sei tua morada, nem sei a quem peça
que te faça chegar a carta, que escrevo e em voz alta reli.
se não receberes noticias minhas, se a carta se extraviar,
nada perdeste, quando a escrevi, senti-me sonhar
num amor que nunca tive, mas algures na vida eu sei... eu o vivi....
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meu mundo...
subtilmente abres as portas do meu mundo,
lado a lado com a inocência no olhar,
e é nesse olhar, sereno e profundo,
que me questionas, sinto-o, e mesmo sem falar
lês todo um ser, como se um livro aberto...
nada escondo, e de te sentir tão perto
baralham-se minhas contas, o atrevimento
renasce, florescem, incendeiam-se mil ideias
numa mente que te despe no momento,
e me encanta, como se embalado por mil sereias...
ouço o mar, a espuma se sumindo no areal,
outros ruídos, tentativas de afastar meu medo,
dúvidas...e nesta guerra, minha, invento um sinal,
armadilhas, se invadirem meu refúgio, meu rochedo...
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minhas mãos nas tuas...
prende minhas mãos nas tuas,
sente, lê cada palavra
escrita pelos meus dedos
como se escrita pelos meus lábios
nos lábios teus...
lentamente, degustando o prazer,
lembra do chocolate,
das amêndoas na Páscoa
ou dos morangos de paixão,
por entre o espumante no verão...
espera, sente o calor de minha pele
tacteando a tua pele,
os dedos novamente escrevendo
todos os passos a seguir...
teus olhos, teus movimentos
pedem mais, erecção dos sentidos
em tantos planos proibidos...
prende minhas mãos nas tuas,
como se, bem fechadas,
guardássemos eternamente a vida...
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utopias...
não foi em vão
que na noite trilhei caminhos,
atravessei riachos,
e ouvi os sons do coração.
não foi em vão
que subi escarpas,
serras, derrubei muros,
e te estendi a mão.
não, não foi em vão
que despi os medos,
enfrentei oceanos,
e sem armaduras de aço, disse "não".
acredita..eu acredito... não foi em vão
o beijo que ganhamos,
o abraço que o frio selou para sempre,
e hoje sentimos, como singela recordação...
mas sabes, talvez fosse em vão,
se o "amanhã" fizesse parte do refrão...
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no silêncio...
em vão troco as voltas ao pensamento,
ao diluir das palavras já gastas,
como se as histórias não se perdessem no tempo
e ficassem só os títulos, amarrotados nas pastas...
num ápice, um turbilhão de momentos,
os olhares que liam a alma, os beijos que nos uniam
num só corpo, e que de tanto amor sedentos,
tudo parava, como os anjos previram e queriam
faz tanto vento lá fora nesta manhã de sol e cor,
e tudo aqui é silêncio... veste-se de luto o meu amor...
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teu afago...
sinto teu toque em meu rosto,
teu afago nas manhãs de primavera,
no pôr do sol no verão.
em cada afago, um sopro no coração,
com palavras que só ele entende...
abro a janela para a vida,
preciso te sentir novamente
na brisa que tarda chegar...
talvez tenhas adormecido, ou te sintas perdida...
Amor, ainda é cedo, tanto tempo para amar...
e são estes gestos que se repetem,
gestos que não mentem,
como dois corpos se amando,
se fundindo no acto,
almas gémeas gemendo e vibrando...
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escrever, o quê?
poderia escrever um poema
ou prosa com tons de poesia...
poderia escrever...
mas não escrevo...
aliás, nem sei qual o tema
a que me proporia,
tal o vazio no querer...
se eu fosse jardineiro,
falaria da beleza e do perfume
das flores, no canteiro...
se eu fosse artesão,
seriam as peças a falar
moldadas por minha mão...
se eu fosse dono do mundo,
talvez deixasse falar meu coração
no teu coração... só por um segundo...
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histórias de verão...
ainda chamas pelo verão,
pelas manhãs de nevoeiro,
pelo amor nas dunas?
tudo era silêncio...
para quê falar
se os corpos se entendiam
e abriam à penetração?
mais abaixo, o mar,
o sereno enrolar na areia,
e nesse embalar,
cada olhar, cada beijo,
era mais uma estreia
para espicaçar o desejo...
tão leve teu corpo
baloiçando ao sabor da brisa,
teus cabelos esvoaçando,
e teus peitos sussurrando
pelos lábios meus...
deixa-me adormecer nos braços teus...