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versos, ou talvez não....

Segunda-feira, 16.09.13

 

 

 

cada verso é uma história,

um sentimento, um desejo,

uma composição, 

um poema, um sorriso,

ou mesmo uma canção.

 

verso a verso,

melodiosas nascem as palavras

como que arrancadas do ventre,

umas vezes a fogo,

outras serenas, como o sol poente...

 

assim cantam os poetas

ou quem lhes sabe ler o coração,

assim sonham as almas,

os incautos da paixão

levados pelo sentimento...

 

eu sei, lua, estrelas do azul imenso,

musa dos olhos de água,

manhãs frescas da vida,

ou mar que sustem esta mágoa....

os versos que escrevo, são retratos, paixão sentida...





 

 

 

 

 

 

 

 

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publicado por Alexandrino Sousa às 23:06

Uma forma de escrever...

Quarta-feira, 21.03.12

 

 

 

De forma serena, aberta,

nascem palavras soltas,

parto mágico, sem dor,

desígnio com algum fervor,

em que a Alma disserta

para quem me quiser ler...

E se escrevo sobre o Amor,

(frases sem busca do rigor),

é meu coração a divagar

numa melodia mágica,

meu jeito simples de te falar...

 

 

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publicado por Alexandrino Sousa às 21:35

António Gedeão - PEDRA FILOSOFAL

Domingo, 17.01.10

(Poema tão bem ilustrado, onde existe união entre o sonho e a vida...) 

 

PEDRA FILOSOFAL

Eles não sabem que o sonho
é uma constante da vida
tão concreta e definida
como outra coisa qualquer,
como esta pedra cinzenta
em que me sento e descanso,
como este ribeiro manso
em serenos sobressaltos,
como estes pinheiros altos
que em verde e oiro se agitam,
como estas aves que gritam
em bebedeiras de azul.

Eles não sabem que o sonho
é vinho, é espuma, é fermento,
bichinho álacre e sedento,
de focinho pontiagudo,
que fossa através de tudo
num perpétuo movimento.

Eles não sabem que o sonho
é tela, é cor, é pincel,
base, fuste, capitel,
arco em ogiva, vitral,
pináculo de catedral,
contraponto, sinfonia,
máscara grega, magia,
que é retorta de alquimista,
mapa do mundo distante,
rosa dos ventos, Infante,
caravela quinhentista,
que é Cabo da Boa Esperança,
ouro, canela, marfim,
florete de espadachim,
bastidor, passo de dança,
Colombina e Arlequim,
passarola voadora,
pára raios, locomotiva,
barco de proa festiva,
alto forno, geradora,
cisão do átomo, radar,
ultra som, televisão,
desembarque em foguetão
na superfície lunar.

Eles não sabem, nem sonham,
que o sonho comanda a vida.
Que sempre que um homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos de uma criança.
 

 

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publicado por Alexandrino Sousa às 11:00

António Gedeão - LÁGRIMA DE PRETA

Sábado, 16.01.10

 

LÁGRIMA DE PRETA

Encontrei uma preta
que estava a chorar,
pedi-lhe uma lágrima
para a analisar.

Recolhi a lágrima
com todo o cuidado
num tubo de ensaio
bem esterilizado.

Olhei-a de um lado,
do outro e de frente:
tinha um ar de gota
muito transparente.

Mandei vir os ácidos,
as bases e os sais,
as drogas usadas
em casos que tais.

Ensaiei a frio,
experimentei ao lume,
de todas as vezes
deu-me o que é costume:

nem sinais de negro,
nem vestígios de ódio.
Água (quase tudo)
e cloreto de Sódio.

 

 (tão perfeito e tão simples...daí a sua beleza...)


 

 

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publicado por Alexandrino Sousa às 11:20

António Gedeão - CALÇADA DE CARRICHE

Sexta-feira, 15.01.10

 

CALÇADA DE CARRICHE

Luísa sobe,
sobe a calçada,
sobe e não pode
que vai cansada.
Sobe, Luísa,
Luísa, sobe,
sobe que sobe,
sobe a calçada.
Saiu de casa
de madrugada;
regressa a casa
é já noite fechada.
Na mão grosseira,
de pele queimada,
leva a lancheira
desengonçada.
Anda Luísa,
Luísa sobe,
sobe que sobe,
sobe a calçada.

Luísa é nova,
desenxovalhada,
tem perna gorda,
bem torneada.
Ferve-lhe o sangue
de afogueada;
saltam-lhe os peitos
na caminhada.
Anda Luísa,
Luísa sobe,
sobe que sobe,
sobe a calçada.

Passam magalas,
rapaziada,
palpam-lhe as coxas,
não dá por nada.
Anda Luísa,
Luísa sobe,
sobe que sobe,
sobe a calçada.

Chegou a casa
não disse nada.
Pegou na filha,
deu-lhe a mamada;
bebeu a sopa
numa golada;
lavou a loiça,
varreu a escada;
deu jeito à casa
desarranjada;
coseu a roupa
já remendada;
despiu-se à pressa,
desinteressada;
caiu na cama
de uma assentada;
chegou o homem,
viu-a deitada;
serviu-se dela,
não deu por nada.
Anda Luísa,
Luísa sobe,
sobe que sobe,
sobe a calçada.

Na manhã débil
sem alvorada,
salta da cama,
desembestada;
puxa da filha,
dá-lhe a mamada;
veste-se à pressa,
desengonçada;
anda, ciranda,
desaustinada;
range o soalho
a cada passada;
salta para a rua,
corre açodada,
galga o passeio,
desce a calçada,
chega à oficina
à hora marcada,
puxa que puxa,
larga que larga,
puxa que puxa,
larga que larga,
puxa que puxa,
larga que larga,
puxa que puxa,
larga que larga;
toca a sineta
na hora aprazada,
corre à cantina
volta à toada,
puxa que puxa,
larga que larga,
puxa que puxa,
larga que larga,
puxa que puxa,
larga que larga.
Regressa a casa
é já noite fechada.
Luísa arqueija
pela calçada.
Anda Luísa,
Luísa sobe,
sobe que sobe,
sobe a calçada,
sobe que sobe,
sobe a calçada,
sobe que sobe,
sobe a calçada.
Anda Luísa,
Luísa sobe,
sobe que sobe,
sobe a calçada.

 

 

 

 

 

 

 

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publicado por Alexandrino Sousa às 19:14

António Gedeão - Aurora boreal

Quinta-feira, 14.01.10

(Nos próximos dias vou aqui deixar poemas de António Gedeão, que sem dúvida são de uma grande beleza...)

 

Aurora boreal

Tenho quarenta janelas
nas paredes do meu quarto.
Sem vidros nem bambinelas
posso ver através delas
o mundo em que me reparto.
Por uma entra a luz do Sol,
por outra a luz do luar,
por outra a luz das estrelas
que andam no céu a rolar.
Por esta entra a Via Láctea
como um vapor de algodão,
por aquela a luz dos homens,
pela outra a escuridão.
Pela maior entra o espanto,
pela menor a certeza,
pela da frente a beleza
que inunda de canto a canto.
Pela quadrada entra a esperança
de quatro lados iguais,
quatro arestas, quatro vértices,
quatro pontos cardeais.
Pela redonda entra o sonho,
que as vigias são redondas,
e o sonho afaga e embala
à semelhança das ondas.
Por além entra a tristeza,
por aquela entra a saudade,
e o desejo, e a humildade,
e o silêncio, e a surpresa,
e o amor dos homens, e o tédio,
e o medo, e a melancolia,
e essa fome sem remédio
a que se chama poesia,
e a inocência, e a bondade,
e a dor própria, e a dor alheia,
e a paixão que se incendeia,
e a viuvez, e a piedade,
e o grande pássaro branco,
e o grande pássaro negro
que se olham obliquamente,
arrepiados de medo,
todos os risos e choros,
todas as fomes e sedes,
tudo alonga a sua sombra
nas minhas quatro paredes.

Oh janelas do meu quarto,
quem vos pudesse rasgar!
Com tanta janela aberta
falta-me a luz e o ar.

 

 

 

 

(lindo...espero que gostem...)

 

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publicado por Alexandrino Sousa às 20:02

Parecer e não SER

Segunda-feira, 12.10.09

 

http://sitedepoesias.com.br/imagens/poemas/31223.jpg

 

Hoje queria ser diferente,

mostrar a mim mesmo,

que conseguia ser gente,

fazer o que tanto gosto,

a escrever eu aposto,

sendo para outros indiferente.

 

Mas não, não consigo,

o engenho não está aqui,

e até sinto que corro perigo,

de minha cabeça dar o nó,

e assim, mesmo com dó,

vou "pregar" para longe daqui...

 

Não, não me levem a mal,

meu coração não tem alegria,

meu braço treme e se arrepia,

e o resultado final é banal...

Versos em forma desigual,

outros em rima quase mortal...

 

 

 

 

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publicado por Alexandrino Sousa às 18:40

Real e Imaginário

Sábado, 21.03.09

 

http://www.espelhopoetico.pro.br/celebrar/images/poetas.jpg

 

Sempre foste um sentimental,

e na palavra rimada,

a nudez , a foto original

do teu interior...

Sem segredos,

nas linhas "espalhas" tua dor,

"vê-se" teu coração sangrar,

e no ar, do sangue sente-se o odor...

Qual  predestinado,

Querias ter a alma maior,

Querias ter o dom, a genialidade,

de, numa palavra, numa frase,

exprimir o que os olhos  vêem...

Quanta cegueira, quanta leviandade

por não aceitar a verdade,

por não aceitar esta tua pequenez,

num formato, de si não original.....

 

 

 

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publicado por Alexandrino Sousa às 21:24