IN OUT YOU
Os encontros e desencontros são a luz que nos permitem avançar passo a passo, são vida em cada dia que passa
navegando...
olho o horizonte limitado a quatro paredes,
pintadas sobre um areado imóvel
num branco que já se perdeu...
se eu fosse livre, queria ser rio,
espelho de água que retrata o céu
e que de longe namora quem lhe acena...
pinto a imagem num olhar teu,
um sorriso vivo, cândido, perfeito,
qual vela ao vento
num barco rabelo,
carregando vida, sonhos,
se sonhar foi sempre teu jeito...
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na palma da mão...
é nas águas calmas de um rio
que navega o pensamento,
sem barco, sem remos,
apenas flutuando, deslizando
tal a leveza que leva dentro...
não ousem tocar, acordá-lo,
ou numa pequena onda
puxá-lo à margem,
pretende-se demorada a viagem
antes que o mar possa levá-lo...
se chegarem as chuvas de Abril
e se os desenlaces forem mil,
outras águas calmas surgirão,
num rio, num ribeiro, numa concha em minha mão...
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como um rio...
como um rio
que em desafio
segue entre margens,
como um barco
remo a remo
contra a corrente,
teimosamente
lanço amarras
onde nada me prende...
ao longe,
uma estrela cadente
e mais mil a brilhar
num céu infinito e presente...
num olhar sereno,
ausculto a alma
e não vislumbro paz...
nada a satisfaz...
tanto luto..tanto enredo...
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de quantas águas...
de quantas águas se faz um rio,
rio navegante para o mar,
de quantas lágrimas precisa um navio
para a bom porto chegar??
lágrima por lágrima, gota por gota,
lava-se a calçada pela saudade rota,
irrigam-se as faces pelas horas ao relento,
desesperam os olhos pelo desalento.
eis que chega o marinheiro
de muitos mares, do mundo inteiro,
habituado ao sabor das ondas, da tempestade,
e diz, "soltem as amarras, lancem o barco à liberdade..."
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não há estrelas no céu...
correm os vultos na rua
como que imbuídos de chegar
onde o pensamento os leva.
atropelam, seguem em frente.
nada detém quem a pressa faz voar...
loucos, loucos e insensatos,
não pensam nem sonham
que o destino é uma cruz, um altar,
uma tábua... rio sem margem,
mar sem ondas, céu sem estrelas...
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meus barcos...
lancei meus barcos ao rio,
barcos de pescador sem redes.
em cada barco, um baú de recordações,
histórias vividas ou violentadas entre paredes...
esses barcos não têm timoneiro,
não têm vela para seguir os bons ventos.
são barcos fantasmas, perdidos,
como os corações sós, sofridos, entre lamentos...
se os vires, não tenteis a salvação,
deixai-os seguir, naufragar entre as turvas águas,
deixai-os afogar, que se apaguem as memórias,
as agonias, os sonhos e as mágoas...
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rios de amor....
fecham-se meus olhos na paz da escuridão,
onde rios de águas límpidas, calmas,
deixam navegar barcos de paixão.
qual navegante de teu corpo á vela,
percorro, encontro os espaços,
que culminam no brilho de uma estrela.
sorriem meus lábios pelos peitos teus,
pelo deambular no pico do prazer...
agora, todos os rios são meus....
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momentos.....
apenas um beijo na brisa da tarde,
um olhar ardente no tempo que passa,
um cigarro partilhado por entre o desejo
que fervilha, olhando o rio, águas mansas...
e de pequenos nadas, se faz história,
por entre caruma e azul confidente,
no silêncio dos pássaros que esvoaçam,
no comprometimento das árvores surdas...
deslizam as gaivotas nas águas paradas,
tecem-se sonhos na brisa que passa...
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como um rio...
sempre esperarei por ti,
ainda que as horas sejam pesadelos,
ou apenas saltos de cotovia.
esperarei por ti na noite
porque são tuas mãos, teus lábios,
que me adormecem até ser dia.
esperarei por ti ouvindo o cantar do rio
quando de pedra em pedra,
vai correndo para o mar...
assim como o rio, é este o meu fado
de em teus braços desaguar...
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Como um rio...
http://jn.sapo.pt/Storage/ng1322255.jpg
(ficção)
Dolorosa e tão difícil a separação...
Entre nós a ténue linha de uma parede,
um abismo em forma de rochedo,
um precipício cavado pela teimosia...
Do lado de cá, sinto tua respiração,
cada lágrima que cai no chão,
teus dedos a parede tacteando
como se pudessem alcançar os meus...
Triste, dolorosa e perversa ilusão...
Cai a noite, o desassossego,
as voltas e mais voltas na solidão,
a procura de companhia na TV...
Sinto-te do lado de cá, a meu lado,
tais os ruídos, o ensurdecedor de teus passos
que ecoam no espaço vazio...
Preciso sair, correr, ganhar espaço,
e como a correntia de um rio,
deixo-me doentiamente levar para o mar,
mar de espuma, de força, de morte...