IN OUT YOU
Os encontros e desencontros são a luz que nos permitem avançar passo a passo, são vida em cada dia que passa
segredos...
olhamos o mar talvez pela última vez..
antes, eu via o mar em teu olhos
e as ondas nos teus cabelos longos e soltos,
agora não... já não vejo cor, nem vida,
nem os aromas que inspirava-mos a todo o momento...
talvez seja sinal do tempo,
o tempo que um dia pensamos ser eterno,
quando paravam as horas,
o dia e a noite,
e nada mais havia senão o sentimento.
perdemo-nos qual erosão irreversível,
onde já nem as palavras doces conseguimos dizer,
pela troca de olhar a pouco e pouco insensível...
é tarde, e a brisa que antes nos unia,
nos afasta... até onde o destino quiser...
olhamos o mar talvez pela última vez...
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sensações...
lentamente voavam os pássaros,
as nuvens que os deuses pintaram de azul...
cá em baixo, entre o areal e o imenso mar,
a saudade, a dor secreta e fulminante
que no silêncio nos faz naufragar...
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registos...
um após outro, todos os registos
renascem, como palavras vivas
que ditam ordens, preces...
vestem-se de cores vivas, alegres,
perfumados pelas flores do campo,
e enfeitados pelos cachos da vinha...
dançam... dançam como só os loucos
ou os inebriados pelas drogas,
e quem os lê, desfalece,
que de saudade, a alma padece...
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bom Domingo....
tão férteis os meus campos de cultivo,
onde tudo nasce, germina a cada amanhecer.
lancei sementes de sol, e de lua cheia,
reguei com lágrimas de saudade,
e aguardo... talvez renasça vida,
talvez tudo seque com a água salgada....
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raízes...
de que seiva,
de que ar,
de que vida,
se alimentam
as raízes que nos prendem?
como fugir,
esquecer,
ou tão só libertar
o corpo, a alma,
dos abraços eternos?
cada raiz
é um abraço,
um eterno laço
sem palavras,
sem falsos gestos...
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navegando...
de quantos paus se faz uma jangada,
uma bóia de salvação?
de quantos paus é feito um sonho,
e quantos os nós para a libertação??
um a um vou desfazendo,
mas eles renascem na palma da mão...
de quantos paus é feito um sonho,
e quantos os nós para a libertação??
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outras viagens...
fica...não partas ainda,
tão cedo para a despedida,
para um adeus sem palavras...
fica...não leves de mim
os sons do mar,
nem o silêncio da serra...
fica...o céu é tão longe,
as estrelas ainda brilham
e a lua continua a contar-me histórias...
mas se resolveres partir,
não leves tudo de mim,
não leves os sons, os aromas,
não leves as imagens
não leves os gestos do amor,
os gemidos reprimidos...
fica, como ficam os loucos olhando a paisagem,
sem regresso, sem bilhete de viagem,
mas explorando os sentidos...
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a carta que nunca escrevi...
meu amor, amor que nem sei se existe,
faz tanto, tanto tempo que partiste,
que nem sei se algum dia te conheci...
por certo algures nos conhecemos,
por certo em muitos locais amor fizemos
e fomos felizes...senão, não escrevia para ti...
mas sabes, são tão poucos os momentos de lucidez,
que nem sei quando vejo a verdade em toda a embriaguez
que me toma, quando leio o que escrevi.
chamei-te de "amor" como te chamaria outro nome qualquer,
desde que teu nome fosse um lindo nome de mulher,
mas não, não me lembro se algum dia o proferi...
olha, só agora me dou conta (ah esta minha cabeça...)
que não sei tua morada, nem sei a quem peça
que te faça chegar a carta, que escrevo e em voz alta reli.
se não receberes noticias minhas, se a carta se extraviar,
nada perdeste, quando a escrevi, senti-me sonhar
num amor que nunca tive, mas algures na vida eu sei... eu o vivi....
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outras pontes...
quanta sede em meus lábios,
nestes olhos queimados e tristes,
pelos teus, que na manhã seduzistes
e entre nós se fez ponte.
num corpo parado olhando o horizonte,
qual navio naufragado aguardando abate,
já não choram os olhos (é bom o disfarce),
mas morreram as palavras, os risos, ficou a dor...
enrolando na areia, vem o mar no seu esplendor,
e o que ontem foram dunas, espaços dos amantes,
tudo se perdeu, restam as memórias já sem graça.
fica a sede em meus lábios, no pensamento que passa,
até que chegue o dia, em que tudo era como dantes,
sem resquícios de sede, sem pontes entre nós...
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escrevo para ti...
escrevo para ti,
com as palavras coloridas que invento...
Sabes, nunca fui bom pintor,
mas as palavras aqui desenhadas
ganham cor,
ou não fossem palavras de amor...
assim, amor
rima com flor,
e o pequeno ciúme
rima com perfume.
saudade...
essa só rima com verdade,
a verdade dos corações sinceros,
sem os espinhos das rosas
mesmo nas mais formosas.
escrevo para ti,
num dialecto que os olhos entendem,
que os lábios percebem,
e ao escrever-te, meu coração sorri...